Quando, no verão de 1996, tinha então apenas 15 anos, a americana Meghan Markle foi eleita rainha do seu baile de finalistas, sendo-lhe imposta uma tiara de fantasia que simbolizava esse título de beleza e popularidade, estava bem longe de imaginar que mais de 20 anos depois iria tornar-se noiva de um príncipe europeu, Harry de Inglaterra, e, graças a isso, poderia adquirir o direito de usar as tiaras de verdadeiras rainhas e princesas que estão guardadas nos cofres de Sua Majestade britânica.
A partir do momento em que se tornar membro da família real, Meghan participará em vários dos eventos em que, ao longo dos anos, tanto Isabel II como as suas familia-
res mais diretas devem usar este acessório na cabeça. É o caso dos banquetes de Estado e, claro está, dos casamentos. Por isso mesmo, por esta altura começa a crescer a curiosidade em relação à tiara que Meghan levará na cabeça quando, a 19 de maio próximo, se dirigir ao altar para trocar alianças com Harry.
No caso de Kate, porque se tratou do casamento de uma futura rainha, a soberana permitiu que a noiva de William escolhesse a tiara que mais lhe agradasse. E a jovem Middleton teve o bom senso de optar por uma das mais discretas da coleção, ou seja, a mais apropriada à sua idade: a Cartier Halo, datada de 1936, e que exibe com 39 brilhantes e 149 diamantes baguette.
Já no caso de Meghan, e porque Harry, mesmo sendo neto da rainha, não tem os privilégios do irmão, pode acontecer que Isabel II prefira encomendar uma tiara nova e menos valiosa para a futura princesa, como fez, aliás, quando os seus filhos mais novos se casaram, André, com Sarah Ferguson, e Eduardo, com Sophie Rhys-Jones.
Ainda assim, e porque tudo é possível, aproveitemos para dar uma olhadela ao interior dos ditos cofres reais e descobrir as maravilhas que neles se escondem e de entre as quais Meghan pode, eventualmente, ser convidada a eleger o mais importante acessório que usará no dia 19 de maio. Nesses cofres estão mais de 20 tiaras – e centenas de outras joias magníficas, diga-se de passagem –, de tamanhos, cores e feitos diferentes, todas elas com pedras preciosas de grande valor, saídas ao longo dos tempos das mãos dos artífices de prestigiadas casas joalheiras, como a Cartier, a Boucheron ou a Garrard, e com nomes exóticos, como Dehli Durbar, Lotus Flower ou Cambridge Lover’s Knot.
Diga-se, já agora, que Isabel II não usa uma boa parte das tiaras da sua coleção e que, em contrapartida, repete algumas regularmente. Afinal, uma rainha tem direito às suas preferências e a só usar aquilo de que mais gosta, sem se prender com sentimentalismos. A prova é que duas das primeiras tiaras que teve, e que nunca lhe foram vistas, eram da sua mãe, que lhas ofereceu de presente quando fez 18 anos. Talvez por as achar demasiado simples e discretas – porque, ao gosto dos anos 30, eram mais bandeaux do que tiaras –, acabou por as emprestar à sua irmã, a princesa Margarida, só as recuperando após a morte desta, em 2002. Uma delas é a já referida Cartier Halo Tiara, encomendada à conceituada casa parisiense pelo futuro rei Jorge VI (pai da atual soberana), para a oferecer à mulher, Isabel, a futura rainha mãe. A outra, a Tiara Flor de Lótus, também presente do pai de Isabel II à mulher, foi feita pelos joalheiros Garrard e esteve longos anos guardada, até Kate se apaixonar por ela, já a tendo usado em duas ou três ocasiões.
Kate também já exibiu em algumas ocasiões a tiara preferida da princesa Diana, a Cambridge Lover’s Knot, com diamantes e pérolas em forma de lágrima, criada em 1914 pela Garrard para a rainha Mary de Teck, que tinha uma verdadeira paixão por joias, mandando regularmente modificar-lhes os feitios e acrescentar-lhes pedras. A Lover’s Knot acabou por ser oferecida pela atual monarca de presente de casamento a Diana e, desde a morte desta, só voltou a ser usada por Kate.
Se, como se espera pelo seu estilo de vestir no dia a dia, a simplicidade for a palavra de ordem de Meghan para o grande dia, dificilmente encontrará mais alguma peça tão discreta como as que Kate já adotou. Porque a maior parte das peças da coleção real são realmente bastante ostensivas. Refira-se que as maiores e mais exuberantes são as que a rainha emprestou a Camilla: a Dehli Durbar e a Greville, igualmente de dimensões generosas. Quanto à Tiara Spencer, que Diana usou no dia do seu casamento com Carlos, parece uma opção pouco provável, pois nem Kate a usou, uma vez que na verdade não pertence à família real, e sim à família da falecida princesa, estando hoje na posse do irmão daquela, o conde Spencer.