Nos próximos dias, o rei Carlos III e Camilla, a rainha consorte, vão receber a primeira visita de um chefe de Estado desde que assumiram os seus novos papéis de soberanos da monarquia britânica. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e a mulher, Tshepo Motsepe, chegam a Londres esta terça-feira e alguns ativistas sul-africanos deixaram um sério aviso à rainha consorte.
Da agenda faz parte um banquete no Palácio de Buckingham em honra do presidente sul-africano e da mulher e estes ativistas lembram que seria muito inconveniente se a rainha consorte – ou mesmo a Princesa de Gales – usasse o famoso diamante Cullinan, anteriormente usado por Isabel II, pois seria uma memória “muito infeliz” da mineração na era colonial.
O diamante Cullinan, conhecido como a Grande Estrela de África ou Cullinan I, que no seu estado bruto pesava 3,106 quilates, foi cortado de uma gema maior, extraída numa mina nas proximidades de Pretória, na África do Sul, em 1905, e entregue ao rei Eduardo VII pelas autoridades coloniais sul-africanas. Atualmente integra o ceptro real que pertencia à rainha Isabel II.
Em entrevista ao The Telgraph, Zwelinzima Vavi, um dos sindicalistas mais conhecidos da África do Sul, alertou para a indelicadeza e provocação que seria caso algum membro da família real usasse o diamante Cullinan durante a receção no Palácio de Bunckingham: “Seria muito infeliz e estaria a ostentar a história de Cecil John Rhodes na nossa cara”, assegurou.
Uma afirmação que mereceu a atenção da analista política Susan Booysen, que em declarações ao mesmo jornal, corroborou a opinião de Vavi: “Dada a história da África do Sul e os efeitos do período colonial, especialmente dentro da indústria mineira, isto iria, estou certa, chocar o Sr. Ramaphosa e muitos sul-africanos”. Booysen acredita que isso não vai acontecer.
As joias em questão incluem uma pregaderia com duas pedras – o Cullinan III de 94,4 quilates e o Cullinan IV de 63,3 quilates; uma segunda pregadeira em forma de coração , que contém o Cullinan V, que pesa 18,8 quilates; o colar de Delhi Durbar; uma terceira pregadeira que integra o Cullinan VI e o Cullinan VIII; e um anel de platina com a mais pequena das nove pedras, o Cullinan IX de 4,4 quilates.
Desde a morte da Rainha Isabel, a 8 de setembro, que foi lançada uma petição online na África do Sul – que já conta com mais de oito mil assinaturas – que exige a devolução do Cullinan à nação sul-africana.