O rei Harald foi operado ao coração na passada sexta-feira, dia 9, tendo tido alta três dias depois. De momento, o monarca encontra-se de baixa por doença, uma situação que se deverá manter pelo menos até ao início de novembro. Neste momento particularmente frágil na vida de Harald, em que o príncipe herdeiro Haakon assumiu funções de regente, que foi publicado um livro baseado em algumas conversas do rei, nas quais fala sobre os seus planos enquanto chefe de Estado, e de temas bastante pessoais como o suicídio de Ari Behn, a força da neta mais velha, Maud, perante esta morte dramática do pai, e ainda sobre uma possível abdicação.
Esta quarta-feira, dia 14 de outubro, foi posto à venda o livro Kongen forteller, O Rei Conta, numa tradução livre para português, da autoria do jornalista norueguês, Harald Stanghelle, que conversou com o monarca onze vezes para poder escrever esta história, mostrando o lado mais pessoal do rei, de 83 anos.
A morte de Ari Behn, no passado dia de Natal, foi um choque para a família real. O ex-marido da princesa Martha Louise, e pai das suas três filhas, tirou a própria vida naquele dia, numa altura em que lutava contra uma depressão. Longe de tentar manter o tema afastado do foco mediático, o rei Harald deu um passo em frente e falou sobre o caso durante o discurso de Ano Novo. Neste livro está retratada a forma como a família tem vivido nos últimos meses, depois deste momento.
“Não tinha nenhuma dúvida de que o que tinha acontecido com Ari Behn devia ser incluído no discurso de Ano Novo. Quando a sua família decidiu ser transparente com o tema foi algo natural para mim. Teria estado totalmente errado se não o tivesse incluído, ainda que tenha sido difícil para mim encontrar as palavras adequadas, porque estava a falar do pai das minhas netas”, explicou o rei. “Estávamos juntos quando aconteceu. Foi um choque. Ficámos muito surpreendidos, ainda que soubéssemos que tinha problemas. É doloroso e leva muito tempo a superar”, contou ainda, segundo relata o livro.
O rei fala ainda sobre a força da neta mais velha, Maud, que depois de perder o pai naquelas circunstâncias e com apenas 16 anos, fez um discurso na Catedral de Oslo que foi premiado e aplaudido por todo o país. A jovem focou-se diretamente nos problemas de saúde mental e incentivou todas as pessoas que passam por problemas semelhantes a pedir ajuda. “Foi difícil de ouvir, mas sabia que ela poderia fazê-lo”, afirmou o rei, admitindo que, se fosse ele, não teria sido capaz de discursar.
Sobre o tema da abdicação, o rei parece já ter tomado uma decisão há muito tempo. “Tornou-se numa tradição no nosso país permanecer no trono até ao final”, afirmou, dando a entender que se manterá no cargo até à sua morte, tal como aconteceu com o seu pai, o rei Olaf.