A Casa Real do Japão enfrenta um problema no que respeita à linha de sucessão ao trono do Crisântemo. No próximo dia 19 de abril o irmão mais novo do imperador Naruhito, Akishino, será proclamado herdeiro, uma vez que o atual soberano tem apenas uma filha e na família imperial japonesa apenas os homens têm direito a ascender ao trono.
Desta forma, a Casa Imperial enfrenta uma grave crise, uma vez que além do atual imperador, só Akishino e o seu filho, Hisahito, de 14 anos, reúnem condições para poder ascender ao trono.
O governo japonês já classificou o problema de “urgente” e decidiu que tem que ser encontrada uma solução o mais brevemente possível. O problema agrava-se, porque, dado que apenas Akishino e Hisahito podem vir a ocupar o trono, é imperativo que este último venha a ter um filho varão para que seja assegurada a continuidade da dinastia.
Se os partidos políticos entendem que este é um problema de máxima urgência, no que respeita às soluções a serem tomadas já não se mostram de acordo. O Partido Liberal Democrata, atualmente no governo, opõe-se a que as mulheres sejam integradas na linha de sucessão ao trono. Além disso, também não mostra qualquer intenção em alterar a lei atual que prevê que todas as mulheres que nasçam na realeza, mas se casem com um plebeu, sejam obrigadas a renunciar aos seus títulos.
Já o contrário não é válido. Qualquer homem da família imperial pode casar-se com uma plebeia e, neste caso, ela adquire o título do marido. É o que acontece com o atual imperdor, que se casou com Masako, que era plebeia e que é agora a imperatriz do Japão.
Se as mulheres da família imperial pudessem, pelo menos, preservar os seus títulos mesmo casando com plebeus, tal como acontece com os homens, ainda que não pudessem subir ao trono, os filhos homens que viessem a ter poderiam ocupar um lugar na linha de sucessão, pondo fim à crise atual.
A posição do governo parece ir contra a vontade da maioria dos cidadãos, dado que no passado mês de outubro uma sondagem mostrou que 70% da população japonesa é da opinião de que as mulheres devem ter um lugar na linha de sucessão ao trono.
Recorde-se que o atual imperador tem apenas uma filha, Aiko, de 18 anos. Já Akishino tem, além de Hisahito, duas filhas mais velhas, Mako e Kako, de 28 e 25 anos, respetivamente. Se a lei se mantiver inalterada, a próxima a abandonar a família imperial será a mais velha dos três irmãos, cujo casamento com Kei Komuro, de origem plebeia, está agendado para este ano.