
Todos os anos um terço da produção alimentar é desperdiçada no mundo, segundo os dados da Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Para contrariar este problema mundial, nasceu a 29 de setembro, o “Unidos Contra o Desperdício”, um movimento cívico que deseja unir a sociedade num combate ativo e positivo ao desperdício alimentar, reforçando a importância de cada um de nós nesta luta.
O Movimento “Unidos Contra o Desperdício” conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e nasceu na mesma data em que é celebrado, pela primeira vez a nível mundial, o Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar, designado pelas Nações Unidas no dia 29 de setembro.
O Movimentos “Unidos Contra o Desperdício” foi fundado por várias entidades, congregadas pela Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, Para sensibilizar a comunidade, as várias entidades que se associaram na fundação do Movimento propõem-se reunir e dar visibilidade às boas práticas já existentes através de uma plataforma online, convidar à adesão do público em geral que se queira comprometer neste desafio, disseminar a mensagem aos mais jovens e solicitar contributos e ideias para diminuir o desperdício de alimentos.
Para Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, uma das entidades fundadoras do Movimento, “esta pode vir a ser uma das principais lutas mundiais, a par de outras estruturantes como a fome ou a preservação do ambiente, até porque o desperdício alimentar acaba por convergir em ambas. No caso da destruição de comida que está em bom estado e pode ser consumida, trata-se até de uma injustiça, quando há pessoas que dela carecem para viver. O alimento é um bem de consumo diferente de todos os outros precisamente porque é essencial para a vida”.
“Esta é uma boa oportunidade de se procurar apresentar a realidade dos números e sensibilizar de forma construtiva, através de instrumentos e informação, para que todos se unam neste Movimento e possam aceder a ideias e sugestões para contrariar o desperdício alimentar”, referiu ainda.
Integram o Movimento como membros fundadores: a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a Associação Portuguesa de Logística (APLOG), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA), a Dariacordar/Zero Desperdício, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares (FPBA), Lisboa Capital Europeia Verde e a Refood.
O desperdício alimentar é uma realidade chocante, com impactos a vários níveis (ambiental, económico e social) e a estratégia delineada para a Economia Circular pela União Europeia, inclui este objetivo numa perspetiva integrada. Um terço da comida que se produz está condenada ao desperdício e 17% da comida é deitada fora ainda antes de chegar aos consumidores. O desperdício de alimentos é responsável pela emissão de gases de efeito de estufa equivalente à rede global dos transportes terrestres, contribuindo para o aquecimento global. Se este desperdício fosse aproveitado, seria suficiente para alimentar dois mil milhões de pessoas. Daria para dar de comer duas vezes a todos aqueles e aquelas que passam fome em todo o mundo. Na Europa, cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos são desaproveitados anualmente, com um custo estimado de 143 mil milhões de euros. Em Portugal, embora não existam dados oficiais, estima-se que 1 milhão de toneladas de alimentos são deitados para o lixo, que dariam para alimentar as 360 mil pessoas com carências alimentares no nosso país, o que levou aliás à publicação de um conjunto de medidas no âmbito da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar.