“Tive alguma vivência mais tradicional do interior, zona da Beira Alta. Do lado alemão, lembro-me de a minha mãe fazer as bolachinhas de gengibre e de manteiga. Havia duas coisas que nunca faltavam: a parte de doçaria, bolo inglês com uma receita da minha avó que eu continuo a fazer, maravilhosa. Depois, sempre bolo de mel, feito por uma senhora do bazar do colégio alemão. Por fim, havia sempre o equivalente ao bolo-rei português, mas em versão germânica”, conta Miguel Castro e Silva. Em casa do chef, a mãe tratava do ganso ou do pato assado – sempre acompanhado com couve roxa estufada. Do lado mais português, não faltava o peru recheado. “Costumo fazer um recheio com pinhões, castanhas, azeitonas, frutos secos e um bocado de pão. É uma receita que funciona bem e uma coisa que continuo a fazer sempre”, conta o chef em conversa com a ‘Apetece’.
Rui Silvestre, ao comando da cozinha do algarvio Vistas, acredita que este será um Natal que pode trazer diferenças. “Tenho uma família grande mas, em Portugal, somos poucos”, conta. No entanto, e por ser um tempo de encontro e de partilha, há sempre algo que se mantém. “No essencial? Sempre o leitão e o cabrito. O primeiro assado, o segundo também, “no forno, com arroz de forno. Sou sempre eu a assá-lo, não tenho sorte nenhuma”, brinca o chef.
Se, por um lado, o ano é todo passado em Portugal, a chef pasteleira Juliana Penteado, fundadora do projecto Barú Pastry, de doces feitos a partir de receitas que incluem óleos essenciais, não dispensa uma viagem ao Brasil para passar as Festas em família. “Lá a comida de Natal é leve, e a mesa é bem diferente, com composições de pratos completamente distintos”, explica em conversa com a Apetece. “Filosofando um pouco, Natal é alegria e uma retrospectiva do ano. E, depois de me ter mudado, tornou-se ainda mais importante porque é a única semana do ano que vejo a minha família inteira reunida”, conta Juliana Penteado. Por isso, Natal é também o momento certo para ter “uma mesa farta com a família reunida para dividir os bons momentos do que foi o ano”, assinala. O destaque vai, no entanto, para os doces. “A minha família é apaixonada por doces portugueses, e há sempre ovos moles: eles amam. Não é só um doce, existe uma história muito maior por trás de tudo isso”, detalha.
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