Nasceu em Angola em 1946, numa família “de bem”, em que os meninos tocavam piano e falavam francês. Veio para Portugal com um ano e tinha quatro quando começou a tratar por tu um Grosskopf vertical que havia em casa dos pais. O pior pesadelo para Adriano Jordão era ter de ir um mês de férias para a praia e afastar-se das teclas. Com 17 anos, dias antes da morte do pai, prometeu-lhe que cumpriria o seu desejo de tirar o curso de Direito. Fê-lo limpinho, mas com a certeza de que a música seria o seu percurso. Teve aulas com a pianista portuense Helena Sá e Costa e o seu primeiro concerto profissional aconteceu em 1969, no Teatro Micaelense – o mesmo que em 2019 acolheu o início das celebrações dos seus 50 anos de carreira. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe pôs em casa um Bechstein e lhe permitiu fazer um ano de estudos avançados nos Estados Unidos. Depois de terminar o curso no Conservatório Nacional de Lisboa, rumou a Paris, para continuar os seus estudos sob a orientação da pianista francesa Yvonne Lefébure. Aos 21 anos, casou com Rosa Vieira da Cruz, de quem tem uma filha, Inês Jordão, que lhe deu dois netos, Joaquim, de 29 anos, e Domingos, de 21. Pelo meio, recebeu várias distinções, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem das Artes e das Letras pelo governo francês e com a Medalha de Mérito da Soberana Ordem de Malta. Entretanto, o casamento terminou quando Adriano fez um interregno na carreira de pianista para aceitar o desafio de ser conselheiro cultural de Portugal em Brasília, cargo que ocupou durante oito anos. Regressou ao nosso país em 2011, em plena crise, e passou então por dificuldades. Dá-se conta de quem são os seus amigos verdadeiros e foi o convite do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho para integrar o conselho de administração do Teatro Nacional de São Carlos que o salvou. Seguiu-se o convite para ser diretor do Festival Internacional de Música de Mafra, que decorre até dia 25 deste mês. Foi precisamente na biblioteca do palácio que nos encontrámos com o pianista, que fez uma breve resenha da sua vida bem preenchida.
Uma entrevista para ler na edição n.º 1401 da revista CARAS.