A 3.ª edição do 5L – Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa, que se realizou entre 4 e 8 de maio, trouxe a cultura e a arte para a rua, através de mesas de autor, debates e conversas, cinema, concertos, teatro, performances, exposições, apresentações e lançamentos, entre muitas outras propostas.
Celebrando a língua, a literatura, os livros, as livrarias e a leitura, esta iniciativa teve como protagonistas alguns dos maiores nomes da literatura lusófona, contando ainda com autores internacionais, como a franco-marroquina Leïla Slimani, que, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França 2022, sentou-se ao lado das romancistas Dulce Maria Cardoso e Tânia Ganho para conversarem sobre identidade e criação literária, um momento que encheu a Sala Bernardo Sassetti, no São Luiz Teatro Municipal. “Penso que escrever é uma vocação. Já em pequena contava imensas histórias, sempre o fiz. (…) A minha mãe sempre me disse para escrever, para fazer algo que me permitisse contar histórias (…) Depois, comecei a descobrir os autores, os poetas (…) Alimentei uma ideia muito romântica da escrita”, revelou Leïla em palco.
Dulce Maria Cardoso também abordou a sua relação com a escrita, o seu lugar de mulher e a forma como a sua circunstância lhe moldou as escolhas. “Tive desde muito cedo consciência de que ter nascido rapariga, se não me mutilava, impedia-me de aceder plenamente à vida. (…) Um dos primeiros conselhos que me lembro que o meu pai me deu foi: ‘Tens de ir para a escola, não podes depender de um homem.’ (…) Temos um longo caminho ainda a percorrer. Também cheguei à conclusão de que o nosso maior poder, que é o da maternidade, é também a nossa maior fraqueza”, partilhou a autora numa das suas respostas.
Fotos: Paulo Jorge Figueiredo