Ouvir a apresentação que o fundador da Microsoft fez nas conferências TED em 2015 é perturbador, tal a assertividade com que expôs procedimentos que poderiam ter reduzido a dimensão dos estragos causados pela pandemia que atravessamos. Precisamos de sistemas de saúde fortes, sobretudo nos países mais pobres; de um corpo médico especializado em doenças infecciosas preparado para agir assim que surgirem os primeiros casos de contágio; de mobilizar os militares com preparação em logística e estratégia; de apostar na pesquisa de vacinas e no diagnóstico de doenças. “Isto requer um grande investimento, mas é o melhor seguro de saúde que o mundo pode comprar”, defende Bill Gates, para quem é evidente que corremos o risco de enfrentar outras pandemias num futuro próximo.
Não se enganou ao avaliar um risco pandémico e não estará longe da realidade quando alerta para o preço a pagar se não contribuirmos para a sustentabilidade do planeta. Como Evitar um Desastre Climático é o seu último livro, no qual chama a atenção para várias inovações disponíveis para que todos – governantes, empresas e particulares – possamos diminuir drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa até atingir o objetivo Carbono Zero em 2050. “Há muita coisa a fazer na área da indústria, da agricultura, nos transportes, na construção de edifícios, e que vai muito para além dos hambúrgueres vegetais, dos combustíveis verdes ou dos carros elétricos. Os danos provocados pela destruição permanente dos ecossistemas naturais e pelas alterações climáticas terão efeitos negativos muito piores do que os causados por esta pandemia”, alerta, defendendo que precisamos de peritos nos governos que consigam antever problemas, investindo agora para minimizar danos futuros. “Se tivessem sido tomadas as medidas certas para nos prepararmos para esta pandemia, os danos teriam sido inferiores a 10% no que toca a mortes e perdas económicas”, garante, lembrando que as medidas relativas às alterações climáticas se devem manter na agenda dos governantes.