A força de que se alimenta são os sonhos. E Ana Brito e Cunha tem muitos. Para si, para os seus, para as artes. Numa força que não se cansa da beleza da vida, mesmo quando ela dói. Sem medo de encarar de frente os momentos sombra, que fazem parte do crescimento, a atriz também não se demora neles, e é com o seu sorriso rasgado que agarra a luz do que a faz feliz. E disso faz parte integrante o marido, Afonso Coruche, o filho, Pedro Afonso, de dois anos e meio, a família, os amigos e o trabalho. Um trabalho que, mesmo quando não lhe exige uma personagem, Ana faz questão de manter presente através da sua criatividade. “Agora que não tenho uma peça em cena, tenho de manter a disciplina da minha artista, ela tem de continuar criativa. Em criança queria ser designer de moda. Venho de uma família muito grande e desde miúda que tínhamos os casamentos das primas lá na quinta. Não íamos às lojas comprar vestidos, não tínhamos essa possibilidade, pelo que íamos à costureira para os fazer. E sempre desenhei os meus. Portanto, esta vontade de sempre acaba por estar concretizada na minha Bambolina Teatro, onde crio, invento e faço acontecer adereços, cenários… o que me dá imenso gozo”, partilhou a atriz com a CARAS durante uma manhã despretensiosa e cheia de gargalhadas, onde se deixou fotografar com alguns dos adereços que faz, neste caso máscaras.
– Nas suas redes sociais escreveu que tem ainda mais do que sonhou. Fale-me sobre estes sonhos e esta felicidade.
Ana Brito e Cunha – [Risos.] Sempre quis ter uma família, mas nunca consegui sonhar com nada em concreto. A única coisa que vejo são dois filhos pendurados em mim, um de cada lado. E dei por mim, depois dos 40, a construir uma família, que era exatamente o que queria. Baseada no amor, na amizade, no companheirismo. Nem todas as famílias são felizes a 100%, os casais discutem, mas é preciso saber discutir, é preciso saber o que se quer da relação e qual o papel de cada um num casamento e numa família. E acho que sou uma abençoada, porque, dentro destes parâmetros naturais que toda a gente tem, nós conseguimos encontrar um equilíbrio em que pretendemos seguir os dois na mesma direção e educar o nosso filho da mesma forma. E, na realidade, tenho muito mais do que sonhei, porque para o bem e para o mal consigo surpreender-me todos os dias. O bem é ótimo, o mal é péssimo, mas põe-nos os pés na terra e obriga-nos a ver que, se calhar, há um trabalho a fazer.
– Poder encarar a vida ao lado do seu marido, sendo colo do seu filho, é algo por que será sempre grata?
– Sempre. E agradeço todos os dias. Hei de estar sempre grata, porque foi uma conquista sã, boa, com determinada loucura, porque preciso disso na minha vida. E temos muita sorte com o nosso filho. Que Deus lhe dê muitos anos de vida e de saúde e que ele seja um bom ser humano, porque o caráter dele é ele que o tem. Mas ele é fácil, gosta de conversar, é curioso, repete tudo o que eu digo, é muito companheiro. E acho que sou uma abençoada por ter este filho.