Nos bastidores, ainda antes de entrar em palco, Bárbara Guimarães não escondia o nervosismo. A apresentadora sabia que ia participar na cerimónia que conduziu durante vários anos, mas não conhecia por completo a homenagem que lhe estava reservada agora que a luta contra o cancro da mama a obrigou a uma interrupção no trabalho.
Foi com uma máscara a tapar-lhe o rosto que a apresentadora apareceu perante a plateia dos Globos de Ouro, enquanto o jornalista Bento Rodrigues lia, com a sua voz inconfundível, um discurso de elogio à superação, resiliência e esperança. Com o rosto na penumbra e uma projeção de imagens no corpo para não ser revelada a sua identidade antes do final do texto, o reacendimento das luzes revelou o rosto emocionado de Bárbara e proporcionou uma ovação espontânea da plateia.
“É tão bom estar aqui nesta festa que me diz tanto. Bem que o meu médico me avisou que, se calhar, o meu coração não está assim tão forte – ainda estamos em tratamentos – para aguentar tantas emoções. Mas não foi por causa disso que eu não vim, que não pus uns saltos altos e que não me vesti como eu gosto. Mas quero aproveitar este momento também para dizer que estou muito grata por tudo o que a vida me tem dado. De bom e do menos bom. Porque a vida também nos põe todos à prova”, declarou a apresentadora enquanto limpava as lágrimas.
Num vestido branco decotado, da autoria de Filipe Faísca, e cabelo curto, Bárbara assumiu que acredita que sairá vencedora da luta que trava há um ano: “Nunca tive medo de desafios e este também não é diferente. Continuo forte, continuo a acreditar que estou a tentar conseguir vencer este duelo, tal como tantas e tantas mulheres. E não é fácil. E também aproveito para dizer que realmente a esperança é viver cada dia como se fosse o último. Porque esta certeza faz-nos, de repente, dar mais, viver mais, sentir mais, sentir os outros, sentirmo-nos a nós, ficarmos mais despertos para tudo. E seguir em frente não pode nem deve ser um caminho solitário. Nós precisamos de carinho. Temos de estar juntos nesta caminhada. Porque é uma caminhada, é uma grande maratona. E sei que às vezes na vida parece que nada disto faz sentido, porque é que isto nos acontece, mas há uma razão, há um sentido. E o grande sentido é que somos muito mais fortes do que pensamos.”
A seu lado, como em todos os momentos, estava o ex-forcado Carlos Pegado, o homem junto de quem reencontrou o amor há dois anos e meio e que tem sido um dos seus grandes pilares na luta contra a doença. Orgulhoso da companheira, Carlos assumiu a sua admiração e amor: “Acompanho a Bárbara para tudo. No bom ou no mau, estaremos sempre juntos. Além de ser um grande apaixonado pela Bárbara, admiro-a muito. É uma mulher completamente surpreendente, com uma garra inexplicável. Ela é uma lutadora nata em tudo no seu dia a dia, e isso é completamente genuíno. Já era fã da Bárbara antes, e agora, então, nem se fala. A nossa grande expectativa é sempre o futuro, não gostamos de olhar para o passado.”
No final, logo após ter abandonado o palco e ainda com a voz embargada, Bárbara recebeu uma chamada da filha Carlota, de quase nove anos, e mais tarde de Dinis, de 15, que manifestaram ambos o seu orgulho na mãe.