À medida que nos aproximamos da Ericeira e o mar abarca cada vez mais espaço no horizonte, Sara Prata fica mais feliz e relaxada. É longe do barulho de Lisboa, onde os edifícios lhe cortam a vista, que a atriz, de 34 anos, se sente em casa. Nascida e criada em Setúbal, aprendeu a tratar o campo e o mar por “tu.” Era ainda gente de palmo e meio quando pegava nos cães e ia ver o que se escondia nas paisagens que lhe prendiam o olhar. Cresceu, ganhou asas e esse bichinho chamado curiosidade conduziu-a a destinos mais longínquos, para os quais leva sempre uma mente livre de preconceitos e uma mala cheia de expectativas. Contudo, se o verbo ir lhe enche as medidas, voltar a casa também lhe dá a certeza de que está no caminho certo.
Numa conversa sincera e fluida, Sara viajou pelas suas inspirações e revelou o que faz de si uma mulher feliz com a vida que escolheu. A gratidão que sente por poder ser atriz e fazer o que mais ama, as emoções que traz na bagagem sempre que regressa de uma grande viagem e a tranquilidade que sente ao lado do namorado, João, foram paragens obrigatórias nesta entrevista.
– Hoje, neste cenário longe dos grandes centros urbanos e com vista para o mar, sentiu-se em casa…
Sara Prata – Sim, é aqui e no meio do campo que me sinto bem. E com o passar dos anos tenho cada vez mais essa necessidade. Já tentei integrar-me nas cidades e viajar para grandes centros urbanos, mas é sempre o campo que me atrai. Quando tenho de tomar uma grande decisão, venho para o meio da Natureza. Os shoppings e as estradas não me atraem nada. Nasci e cresci no campo, numa localidade perto de Setúbal, e sempre brinquei no campo, com animais. Não há nada mais incrível do que a Natureza. Tem uma força e uma beleza únicas.
– Sente que este voltar sempre à terra lhe permite não se deslumbrar com as possibilidades que o mundo mediático lhe oferece?
– Sim, mas não o faço de forma consciente. É duro viver nesta dualidade e sinto que, por vezes, deveria ter uma armadura para aguentar os embates da sociedade e do meio onde trabalho. Mas acho que não sei ser de outra forma. Para mim, a vida é muito mais do que a fama. Sou atriz porque gosto de representar. No dia que deixar de ter essa paixão, irei fazer outra coisa. Quando saio dos estúdios, sou eu e vou à minha vida.
– As redes sociais também ajudam a perpetuar essa persona…
– Sim, as redes sociais camuflam a verdadeira identidade das pessoas. Preocupo-me em ser uma pessoa verdadeira, não me quero camuflar. Hoje em dia queremos ser qualquer coisa, e quando nos tornamos finalmente no que almejamos percebemos que não nos tornámos pessoas muito interessantes. A minha prioridade é viver de forma autêntica, mesmo que isso não seja suficiente para o meio em que trabalho.
Leia a entrevista na íntegra na edição 1244 da CARAS