Aos 50 anos, Teresa Salgueiro é uma mulher que continua a sonhar com melodias e palavras. Sem medo de se perder e encontrar nessa “dimensão onírica”, a antiga vocalista dos Madredeus deixou há 12 anos o grupo que levou a sua voz a todos os cantos do mundo, passando a pisar os palcos em nome próprio. Nos discos O Mistério e O Horizonte, a cantora assume-se em pleno como protagonista desta história, dando largas à sua criatividade como autora e compositora.
Como neste caminho a memória tem sempre lugar, a artista prepara-se para assinalar os 25 anos do Lisbon Story – o filme de Wim Wenders sobre a capital portuguesa em que a música e a imagem dos Madredeus assumem papel de destaque – com concertos nos dias 18, 19 e 20 de julho no Convento do Carmo.
Numa conversa em que a paixão pela música e pela poesia ecoou em todas as respostas, Teresa deixou-se também revelar enquanto mulher, que se inquieta com a passagem dos anos, e como mãe de Inês, de 20 anos, a quem quer transmitir que o mais bonito que há no mundo são as relações que construímos com os outros.
– Hoje voltámos ao Palácio Belmonte, onde se filmadas várias cenas do filme Lisbon Story. Recuperou muitas memórias?
Teresa Salgueiro – Sim, algumas. Mas, mais do que isso, sinto-me emocionada e grata por ao fim de tantos anos estar neste lugar a falar do meu trabalho.
– Já são 32 anos de carreira. A gratidão e o sentir que está no sítio certo são os sentimentos que têm pautado o seu percurso?
– Sim, a gratidão é o sentimento que mais marca o meu percurso. Sinto que tenho vindo a caminhar para um lugar que está cada vez mais em consonância com quem sou ou com quem vou descobrindo que sou. Para mim, essa descoberta é constante. Questiono-me muito sobre o propósito das coisas, vivo tudo com muita intensidade. Tenho uma vida bastante singular, porque estou em contacto com muitas pessoas, mas também tenho períodos de solidão. E isso não é mau, porque a solidão permite-nos um confronto sincero connosco mesmos. O contacto com o público é muito intenso, mas é fugaz. O contacto mais contínuo é entre as pessoas com quem trabalhamos e que se tornam o nosso núcleo familiar.
Teresa Salgueiro “Quem se entrega à música e à poesia vive sempre numa dimensão onírica”
Com mais de 30 anos de carreira, a cantora revela como a música a inspira na vida de todos os dias.
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