Aos 51 anos, Viviane continua a ter uma imagem marcante e o embalo na voz que se acentua quando canta. A preparar um novo disco, divide-se entre os muitos concertos que faz dentro e fora de Portugal e a vida que tem no Algarve com o marido, Tó Viegas, e o filho, Rafael, de 16 anos. E foi num dia passado em Sintra que a cantora conversou com a CARAS e fez um balanço da sua carreira, mas também da sua vida. “Muita coisa mudou desde que comecei a cantar, mas sinto-me a mesma pessoa, com a mesma paixão pela música. Para mim está sempre tudo bem, espero continuar com este à-vontade… Já tive algumas agruras na vida: perdi o meu pai quando tinha 20 anos, o meu irmão faleceu há 12, portanto essas coisas fazem-nos crescer e pensar que temos de ser felizes e fazermos os outros felizes enquanto cá estamos”, confessa.
– Depois de 28 anos dedicada à música, que sonhos continua a embalar para não deixar fugir?
Viviane – O continuar a compor, a fazer música, a ter espetáculos… Este é o meu maior sonho, bem como o de conquistar mais mercados. Ultimamente tenho tido a sorte de sair de Portugal e espero não ficar só por estes países por onde tenho andado. Tenho ido tocar a lugares onde, curiosamente, não há portugueses, mas a língua não é uma barreira. E a música é universal e quando conseguimos transmitir emoções para além das palavras o milagre acontece.
– Sente-se privilegiada por ter encontrado o seu caminho tão cedo e ter podido permanecer nele?
– Ainda estou à procura do meu caminho, nunca há um ponto final. E há sempre o desejo e a vontade de fazer coisas, acrescentando sempre algo. Porque permanecer no mesmo não acrescenta. Mas devo dizer que estou satisfeita com a forma como as coisas têm acontecido na minha vida. Comecei com um projeto completamente diferente daquele em que estou agora, os Entre Aspas, foi muito bom enquanto durou, mas senti necessidade de mudar. Não foi fácil. Deixarmos de fazer um tipo de música para fazermos outro completamente diferente, que era aquilo que gostava de fazer, aquilo que sentia, é difícil, porque levou algum tempo até as pessoas perceberem isso e aceitarem. Não fazia ideia de que seria tão complicado. Hoje sei que foi um ato de coragem começar a minha carreira a solo. Os Entre Aspas marcaram uma geração e ainda há muitas pessoas que me perguntam pela banda. Costumamos fazer um espetáculo por ano para nos divertirmos, mas, de resto, estou focada na minha carreira a solo. Estou a preparar um álbum novo, que gostava que saísse no fim do ano. Entretanto, tenho estado dedicada ao projeto Viviane Canta Piaf, outras “aspas” que abri na minha carreira. [Risos.]
– Porque também somos as nossas influências…
– Sim, somos matemática, somos a soma de todas as nossas influências. Nasci em França, e embora Portugal seja o meu país e eu adore cantar na nossa língua, a minha infância foi feliz e cresci a ouvir vários cantores que marcaram muito a música francesa. Édith Piaf foi uma delas. Aquela entrega dela é uma referência, e quis fazer-lhe esta homenagem.
Leia a entrevista na íntegra na edição 1235 da CARAS