É a Virginie Viard, diretora do estúdio de criação de moda da Chanel e a mais próxima colaboradora de Karl Lagerfeld há mais de 30 anos, que Alain Wertheimer [coproprietário da casa Chanel com o seu irmão Gérard] confiou a tarefa de assegurar a criação das coleções, para manter vivo o legado de Gabrielle Chanel e de Karl Lagerfeld. ”Com esta frase, que rematava o comunicado em que, na manhã do passado dia 19 de fevereiro, a Maison Chanel dava conta da morte do seu diretor artístico desde 1983, terminavam longos anos de especulação sobre quem sucederia a Lagerfeld à frente dos destinos da Chanel – sendo Marc Jacobs, Alber Elbaz, Haider Ackermann e Hedi Sliman considerados entre os mais prováveis.
A escolha da discreta Viard, no entanto, não terá sido ideia de Wertheimer, e sim do próprio Lagerfeld, que a tirou do anonimato recentemente, quando começou a dividir com ela os aplausos finais dos desfiles da Chanel. Uma partilha que revelou de forma inequívoca que era à sua dedicada discípula que o mestre queria passar o testemunho – na verdade, há longos anos que o vinha a fazer entre as quatro paredes do ateliê da Rue Chambon.
Filha de médicos e neta de um industrial de sedas, Virginie, nascida em Lyon há 57 anos, desde cedo se apaixonou por tecidos e pela costura, mas quando olhava para a mãe e as tias, mulheres de uma elegância clássica e clientes de marcas como Rykiel, Saint Laurent, Féraud ou Chloé, achava aquilo “antiquado”. Por isso o seu sonho não era trabalhar em moda e sim como figurinista. E foi mesmo assim que começou, trabalhando como assistente de Dominique Borg, premiada figurinista de cinema e teatro responsável pelo guarda-roupa de filmes como Camille Claudel ou Os Miseráveis.
Entretanto, um amigo dos pais oferece-se para a recomendar para um estágio na Chanel. E é assim que, em 1987, Virginie entra como estagiária para a secção de bordados de uma casa de moda que considerava “demasiado cor-de-rosa”. Depressa, no entanto, Lagerfeld percebe o talento da jovem Viard e quando, em 1991, assume, em simultâneo com a Chanel, a direção artística da Chloé, leva-a com ele. Em 1997, no entanto, Virginie regressa à Chanel, que, graças a Lagerfeld, já perdera o tal toque “antiquado”. E desde então viveu para facilitar a vida ao costureiro, sendo ela quem “traduzia” os croquis do mestre às 200 costureiras dos sete ateliês da Chanel, quem escolhia os tecidos, entre mais de 400 amostras, quem orientava os 400 fornecedores dos icónicos acessórios da marca.
Virginie nunca tratou Karl por tu, mas sempre disse ter com ele uma relação muito fácil e uma comunicação quase telepática. Certamente por isso ele considerava-a imprescindível. O seu braço-direito. E também o esquerdo. Certamente por isso será ela a assinar as próximas coleções Chanel.
Virginie Viard, a discreta criadora que sucedeu a Lagerfeld na casa Chanel
Por mais de 30 anos trabalhou à sombra do mestre, facilitando-lhe a vida. Agora dará continuidade ao legado dele.
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