
João Lima
Inês Herédia é movida pelo amor. Na forma como encara a vida, nas decisões que toma para si e para os outros e no modo de olhar para tudo o que vai acontecendo. E é essa força, ora doce, ora guerreira, que a transforma na mulher que é hoje e que se prepara para ser mãe. Mãe do Tomás e do Luís, dois bebés muito desejados tanto por Inês como pela mulher, Gabriela Sobral. Casadas há oito meses, decidiram lutar pelos sonhos que as guiam e viver o amor de forma plena e livre. Até porque o amor, na sua verdadeira aceção, não se coaduna com guilhotinas, rótulos ou mentiras. Só com a verdade e com a entrega. E isso Inês sabe na perfeição.
– Quase a chegar ao terceiro trimestre de gravidez, quais são os seus receios e expectativas?
Inês Herédia – A gravidez serve um bocadinho para nos preparar, na altura certa, para as coisas certas. E agora comecei a pensar na questão de ser hospitalizada: será que vou conseguir ter parto normal, será que vou conseguir amamentar…? Comecei a ter uma série de dúvidas, mas já percebi que são normais e transversais a muitas mães. E penso muito em quem são estes bebés que já me tornaram mãe. Rapidamente ganhas uma dimensão dentro de ti, e eu não os tenho ainda cá fora, mas parece que tens um plano paralelo ao sentir as coisas. E começo a questionar que atriz virá aí, depois de ser mãe, porque de repente consigo relacionar-me com todas as dores e com todo o amor do mundo. E penso: como é que vou amar os dois inteiramente, ao mesmo tempo? O que é este amor que seguramente se multiplica? Nesta fase já há uma urgência gigante em conhecê-los…
– O Luís e o Tomás são a concretização de um sonho?
– São, completamente. Não são o sonho total, falta-me uma rapariga, por isso hão de ter irmãos. [Risos.] Mas claro que são a concretização de um sonho. E nem sabia bem o quanto queria isto. Sempre disse que queria ter filhos, desde miúda, e houve uma altura em que pensava adotar, mas depois comecei a sentir que tinha de os ter cá dentro, que tinha de gerar. Esta coisa de gerar vida… Sou muito intensa e quero passar por tudo. Passou a ser óbvio que tinha de ter vida dentro de mim. E a Gabi também sempre quis ter filhos, portanto… Mas estamos a falar de uma realidade que só é possível em Portugal há coisa de dois anos e meio. Imagina o que é chegares aos 53 anos e a realidade que achaste que nunca seria possível para ti tornar-se possível… Estamos mesmo a viver um sonho, é assim uma coisa estratosférica.
– Esta gravidez é a melhor forma de celebrar o vosso amor?
– É, sim. Tenho sempre um bocadinho de medo de responder que sim a isso, porque tenho muita gente à minha volta que não consegue engravidar. Portanto, acredito que o amor consegue ser fecundo de outras maneiras, porque não depende só disto. Há cinco anos perguntava-me: porque é que duas mulheres ou dois homens não podem criar vida? Porque é que a natureza não nos permite isso? Se o amor não tem medida e é possível, então porque é que é assim? E tinha muitas dúvidas se conseguiria um dia viver isto, ter esta união e uma gravidez produto das duas. E hoje tenho a certeza absoluta de que eles vão ter mais da Gabi do que de mim.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1209 da revista CARAS.
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