A boa disposição caracteriza José Maria Sá-Chaves, de 44 anos, e Mafalda Quina, 36, que passaram esse espírito descontraído às filhas, Carlota, de 13 anos, Caetana, de 12, e Leonor, de nove.
Há dois anos, Mafalda descobriu que tinha um problema cardíaco potencialmente fatal (arritmias difusas que obrigaram ao implante de um desfibrilhador subcutâneo) e o susto por que passaram até o problema estar controlado fez que redefinissem objetivos, tentando viver em pleno, como contam nesta entrevista.
– É fácil viver com quatro mulheres?
José Maria Sá-Chaves – É fácil, sim. Provavelmente, desenvolvi o meu lado feminino, que se manifesta no facto de gostar de me arranjar. Por vezes até me criticam por ser demorado a arranjar-me! Nasci para viver no meio de mulheres, não me faz falta um rapaz, até porque elas gostam da maioria das coisas de que eu gosto.
– Consegue levar as suas ideias a bom porto ou a maioria feminina ganha sempre?
– Naturalmente, têm tendência a criar muita pressão quando querem alguma coisa. Se chegamos a uma situação limite, recorro à minha voz de comandante para pôr ordem na casa [risos].
Mafalda Quina – Ganhamos sempre, mas às vezes convencemo-lo de que ganha ele [risos].
– Que tipo de pais são?
– Acho que somos descontraídos. Habituámos as nossas filhas a conviverem com adultos, a fazerem a nossa vida, a estarem presentes na grande maioria dos momentos e isso deu-lhes autonomia e liberdade de expressão. Claro que há regras, e nessa altura é preciso alguma rigidez, porque pode ser difícil encontrar o equilíbrio, especialmente para mim, que estou todos os dias com elas. É sempre um desafio, quando começo a entrar no limiar em que já sou muito amiga elas começam a pisar o risco.
José Maria Sá-Chaves – Há uma frase na aviação que serve para este caso: descontraído, porém, atento. É dessa forma que tentamos educá-las. Muitos pais querem que os filhos sejam a referência na escola, o melhor aluno, e nós investimos todos os dias nelas para que sejam melhores pessoas. Acho que, enquanto pais, não devemos ser demasiado exigentes, devemos deixá-los serem felizes, serem quem são, limando algumas arestas. Eu digo-lhes que tudo se pode fazer, mas com responsabilidade. Há que lutar pelos objetivos, definir metas e ser responsável. Não quero que sejam as melhores do mundo, desde que lutem pelo que querem e sejam exigentes.
– Dão-lhes liberdade para que possam errar sozinhas ou tentam prevenir o erro?
– Tentamos aconselhar e controlar algumas tendências. Estamos a viver a fase da adolescência com a Carlota, a Caetana é a seguir, e agora têm comportamentos de teenagers.
Mafalda – Acham que sabem tudo, nós nunca temos razão! Nessa altura é que temos mesmo de os deixar errar, para que aprendam com os seus erros. Já as ouvimos dizer, depois de fazerem como queriam, que nós é que tínhamos razão, e quando isso se torna frequente, dão mais ouvidos ao que dizemos e aos nossos conselhos.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1139 da revista CARAS.
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