Os laços de sangue e a paixão pela música não são as únicas coisas que unem Nélson e Sérgio Rosado, de 40 e 36 anos, respetivamente. Os dois irmãos partilham uma faceta solidária que os levou recentemente a aceitar dar a cara pelo projeto Horse Boy, hipoterapia destinada a crianças portadoras de deficiências. Esta iniciativa, bem como os seus 18 anos de carreira como Anjos, foram os motes de uma conversa com a CARAS que decorreu no Centro Equestre da Lezíria Grande, em Vila Franca de Xira.
– É fácil fazer um balanço?
Nélson – O balanço é altamente positivo. Não estamos amargurados com nada nem com ninguém, e isso é importante. Sérgio – E as adversidades que fomos encontrando é que nos fizeram aquilo que somos. Os que nos acompanham ficam espantados quando percebem que ainda temos um ótimo ambiente quando andamos na estrada! E se voltássemos atrás, faríamos tudo da mesma maneira.
– Como todos os artistas, têm momentos altos e baixos…
Nélson – É impossível um artista ou uma banda estar sempre em destaque!
Sérgio – Às vezes, as pessoas dizem que nos afastámos um bocadinho, mas faz parte, para depois lançarmos outro disco, com outro objetivo. Temos a noção de que houve alturas em que demorámos mais tempo, mas são estratégias. Não há um protótipo de sucesso.
– Foi fácil manterem-se fiéis ao vosso estilo?
Nélson – Nós, equipa, olhamos para o que fizemos e faz sentido. Não há camaleões. A nossa carreira foi e é trabalhada na base da coerência, porque senão vamos enganar todos os que acreditam e gostam de nós porque somos assim.
Sérgio – Por vezes, é tentador ir por onde o vento nos leva, e, enquanto produtores e compositores, acompanhámos a evolução, ouvimos outras coisas e inspirámo-nos noutros, mas mantendo sempre o nosso cunho pessoal. Não caímos na tentação do dinheiro fácil.
– Mas mudaram algumas coisas?
Sérgio – Sim, estamos sempre à frente no pensamento. Sempre lidámos com malta nova, gente que quer mostrar o seu valor. Orgulhamo-nos de dar oportunidade a outros de se mostrarem. Como por exemplo esta nova música com o Kilate e produção do Agir, que tem um talento extraordinário. A filosofia dele é igual à nossa. Não existe preconceito, independentemente do estilo musical, desde que tenham valor. É um processo de crescimento contínuo. Lá está, manter a nossa imagem e evoluir. Obviamente que não podemos chocar um público que se mantém fiel, tem de haver esse cuidado, mas jogamos com o risco.
– Já sentem os anos de carreira que têm?
Nélson – Somos demasiado novos para os anos de carreira que temos. Estamos longe de ter um pé na reforma. Sentimos que fizemos a primeira parte, agora vamos à segunda, e esta será crucial.
– É fácil trabalhar em família?
– Desde miúdos que trabalhamos em dupla, fomos educados nesse sentido. Isso é a base de tudo. Os nossos pais foram peças fundamentais nesta relação, por toda a educação que nos deram. E que continuam a dar!
– Prevê-se um ano de muito trabalho e de regresso à ribalta. Há uma estratégia definida?
– Vamos tentar! O arranque foi bom. Estamos à espera de entrar em algumas rádios onde ainda não estamos. Ao longo do ano vamos lançar alguns singles. Depois do É o Amor no verão passado, temos o segundo single, Dava Tudo para te Ter, que ainda muita gente precisa de ouvir. Temos outras duas músicas na calha e uma está pronta, foi o Sérgio que fez, com letra da Carolina Deslandes. O objetivo é lançar mais umas músicas, compilar tudo, alguns extras e partir para a edição física do álbum, que andou aqui um ano a maturar. Pode resultar, ou não, mas o que sei é que estamos altamente motivados para este novo trabalho, como se fosse o primeiro e as pessoas sentem isso!