Na entrevista que deu ao jornal I em maio deste ano, Maria Barroso explicou a génese da sua dimensão política: “O ambiente que tinha em casa a isso me levava, a política tinha tanta importância como o teatro, a poesia e as artes.”
Maria Barroso foi de facto, e como frisou Marcelo Rebelo de Sousa, muito mais do que a mulher de Mário Soares. Porque já pensava pela sua própria cabeça antes de conhecer o líder histórico do PS e nunca se limitou a viver à sombra das ideias do marido. Aliás, nem sequer esteve sempre de acordo com ele. E se em termos de vida doméstica dizia evitar situações que o contrariassem, não se coibia de o confrontar se alguma crença não coincidia.
Única mulher entre os fundadores do PS, em 1973, foi deputada nas legislaturas iniciadas em 76, 79, 80 e 83, e primeira-dama de 86 a 96. Anos em que se bateu pela liberdade, pela justiça social, pelo respeito pelos direitos humanos. A sua aparência frágil escondia, na verdade, uma personalidade combativa, que mesmo depois de sair de Belém continuou a lutar contra todas as situações que a incomodavam na sociedade, nomeadamente enquanto presidente da Cruz Vermelha Portuguesa (de 1997 a 2003) e da Fundação Pro Dignitate, que criou em 1994.
Especial Maria Barroso: Uma mulher de causas
As várias prisões do pai, opositor do regime salazarista, terão estado na génese da forte consciência política e cívica que Maria de Jesus Barroso desenvolveu desde cedo, muito antes de conhecer Mário Soares. Mulher de convicções firmes, lutou por elas ao longo de toda a sua vida.
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