"Sou dos que não se cala perante o crime de violência doméstica. Uso todos os meios ao meu alcance para o denunciar e levantar questões. Se já o fazia na televisão, faço-o agora também no meu blogue”, escreve Manuel Luís Goucha na sua página de Facebook, remetendo para o texto da sua autoria, intitulado Até que a Morte nos Separe?, e que a CARAS aqui reproduz:
“Trinta e duas mulheres perderam a vida às mãos dos namorados ou companheiros e ainda o ano não se finou. O número dá que pensar: em que falhámos na luta, já de décadas, contra a violência doméstica? O que falta às mulheres moídas de pancada para que entendam, de uma vez por todas, que têm de vencer o medo de apresentar queixa, de denunciar, de dizer basta, antes que a morte aconteça? Em nome de quê suportam a humilhação e aniquilação? Em nome do amor que os seus algozes juram? Que amor? O amor é o que temos de melhor a propor, não o pior. O amor transcende, não mata. E nós, os que estamos, ou nos colocamos, de fora, que fazemos? Pactuamos através da nossa apatia ou antes agimos delatando a agressão que sabemos existir na casa de amigos, familiares ou vizinhos? É crime público, sabemo-lo desde 2007, e então? Reduzimo-nos, covarde e criminosamente, à condição de cúmplice ou assumimos, na prática, a nossa indignação?
E que apoio efectivo é dado às mulheres vítimas de agressão? Sabemos do trabalho das várias associações no terreno, mas será este suficiente? E a Justiça? Terá ela mão pesada para com estes criminosos? Depende de quem julga, mas ouvir de um juiz que “uma bofetada dada numa mulher nem sempre é violência!” não me deixa grandes dúvidas. Há toda uma pedagogia a fazer, na escola, nos locais de trabalho e até em altas instâncias, onde muitos vestem a “pele de cordeiro”.
Quantas perguntas e inquietações! Certeza, mesmo, só tenho uma, abjecta, implacável:
trinta e duas mulheres foram mortas, este ano, pelos “seus” homens. Homens?
Homúnculos é o que são. Ser Homem é outra coisa!
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Linha de apoio à vítima
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