Manoel de Oliveira festeja hoje o seu 105.º aniversário e, apesar da
idade, continua cheio de ideias e vontade de trabalhar. Ao longo da sua
carreira, que teve início em 1931 com a estreia da curta-metragem documental Douro, Faina Fluvial, já realizou 32
longas-metragens.
Para assinalar a data serão feitas várias homenagens na sua cidade natal, entre
elas a inauguração da exposição Manoel de
Oliveira – 105 revistas, organizada pelo Museu da Imprensa. O evento deverá
contar com a presença do cineasta.
Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu a 11 de dezembro de 1908 na Cedofeita,
no Porto. Muito cedo foi para Espanha, para a cidade de A Guarda, na Galiza,
onde frequentou um colégio de jesuítas. O próprio já referiu que nunca foi bom
aluno e que encontrou no desporto um escape e chegou mesmo a ser campeão
nacional de salto à vara.
À parte disso, dedicou-se também ao automobilismo e a uma vida boémia, onde as
tertúlias com amigos como José Régio,
Agustina Bessa-Luís ou Luís Amaro de Oliveira, eram uma
constante.
Com apenas 20 anos deu os primeiros passos na escola de atores do Porto e, em
1928, participou num filme de Rino Lupo.
Cinco anos depois participou no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa, realizada por Cottinelli Telmo, em 1933.
A aventura no mundo da ficção começou em 1942 com Aniki Bóbó, um filme que retratava a infância das crianças que
viviam na Ribeira do Porto. Na altura, foi um fracasso comercial e só alguns
anos mais tarde foi reconhecido como uma das melhores obras do cinema
português.
O insucesso fê-lo abandonar o cinema e dedicar-se aos negócios da família.
Regressou 14 anos depois, em 1956, com O
Pintor e a Cidade.
Foi nos anos 60 que o seu trabalho começou a ter reconhecimento internacional:
primeiro com uma homenagem no Festival de Locarno, na Suíça (1964), e depois
com a exibição da sua obra na Cinemateca de Henri Langlois, em Paris (1965).
Na década seguinte, com O Passado e o Presente (1971), inaugurou a época dos
prémios e elogios pelo seu trabalho. Seguiram-se Benilde ou a Virgem Mãe (1975), Amor
de Perdição (1978) e Francisca
(1981).
Em 1985 foi galardoado com o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, pelo filme Le Soulier de Satin.
Dois anos depois realizou o documentário A
Propósito da Bandeira Nacional, um filme sobre a exposição do seu filho, o
pintor Manuel Casimiro de Oliveira,
em Évora.
Desde essa altura manteve um ritmo de trabalho imparável, com uma
longa-metragem por ano.
Em 1988 levou Os Canibais ao Festival
de Cinema de Cannes e dois anos depois, no mesmo evento, apresentou Non ou a Vã Glória de Mandar, que lhe
valeu uma menção especial do júri. Nos anos que se seguiram sucederam-se as
homenagens, em Veneza (1991), Tóquio (1993), São Francisco e Roma (1994) e cada
vez mais o trabalho de Manoel de Oliveira passou a ser reconhecido em todo o
mundo.
Foi galardoado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) em 1995, com o Prémio
Carreira, no âmbito das comemorações do centenário do cinema português.
Em 1997, a SIC e CARAS atribuíram-lhe o Globo de Ouro de Melhor Realizador. E em
2009 o cineasta voltou a ser distinguido durante a gala dos Globos de Ouro com
o Prémio de Mérito e Excelência.
Já com 103 anos, recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro e este ano a Medalha de Conhecimento e Mérito do
Instituto Politécnico de Lisboa.
No ano passado, o realizador estreou O
Gebo e a Sombra, rodou uma curta-metragem, O Conquistador Conquistado, na sequência do convite da cidade de
Guimarães enquanto Capital Europeia da Cultura.
Manoel de Oliveira é casado, desde dezembro de 1940, com Maria Isabel, de 95 anos, de
quem tem quatro filhos: Manuel Casimiro,
José Manuel, Isabel Maria e Adelaide. Nos últimos anos
passou por vários momentos delicados ao nível da saúde, sobretudo devido a
problemas cardíacos e respiratórios.
Manoel de Oliveira completa 105 anos
O mais velho cineasta do mundo em atividade nasceu a 11 de dezembro de 1908, no Porto.
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