Alexandra Fernandes, de 40 anos, sempre quis ser mãe e desde que começou a namorar com
Tiago Guerreiro, de 26, há quase cinco anos, esse desejo passou a ter mais significado. Hoje, a relações públicas vive a felicidade de ser mãe de
Ana Carolina, de seis meses, mas reconhece que as mudanças inerentes à chegada de uma criança podem trazer dificuldades à vida de um casal e tem-nas sentido na pele.
– Como têm corrido estes primeiros seis meses?
Alexandra Fernandes – Muito bem. No início foi um pouco difícil! Tive de me adaptar à bebé e ela a mim. Não se descansa quase nada, há ainda a questão da amamentação, e todas as alterações hormonais pelas quais temos que passar são um pouco desgastantes, mas, por outro lado, tem as suas compensações. Ser mãe é uma sensação única e uma experiência muito gratificante.
– Há uma Alexandra diferente antes e após o nascimento da Carolina?
– A essência continua igual, agora a rotina, a responsabilidade, a maturidade e os assuntos aos quais dou valor, esses sofreram alterações. Digamos que desde que fui mãe passei a ter uma visão diferente da vida.
– Um bebé em casa ‘abala’ a rotina de um casal. Como é que têm lidado com isso?
– Acredito que um bebé em casa só abala a rotina de um casal se algum dos dois não estiver ciente ou preparado para esse mesmo bebé. Tenho variadíssimos exemplos na família, como a minha irmã
Ana ou o meu irmão
Filipe, entre outros familiares, cujos bebés uniram ainda mais o casal. São tempos em que a entreajuda, a compreensão e a benevolência têm de ser postas em prática. É uma questão de maturidade e forma de estar na vida.
– É o que se passa com o Tiago? Ajuda em todas as tarefas?
– O Tiago não estava, de todo, preparado para ser pai. Ele gosta muito da bebé, mas as suas ideologias sobre o que é ser pai e sobre o que é o melhor para ela por vezes são autênticos disparates. Tem sido um processo de aprendizagem. Ele por vezes toma conta dela, brinca com ela e se for necessário dá-lhe o biberão, mas de resto tenho todas as tarefas a meu cargo. Ele costuma dizer:
"Se tu fazes bem, para quê eu fazer mal?" Eu acho que todos temos de aprender, porque ninguém está verdadeiramente preparado.
– E como lida com essa falta de preparação do Tiago?
– Tenho tido um grande apoio por parte da minha irmã, que me dá inúmeros conselhos, uma vez que já tem dois filhos. Por outro lado, tive de adquirir uma dose extra de paciência, pois para um bom desenvolvimento cognitivo da bebé é essencial que ela, nesta fase, tenha as referências masculina e feminina.
– Têm conseguido ter tempo a dois, ou nesta fase estão mais focados no crescimento e bem-estar da Carolina do que no do casal?
– Não temos tido muito tempo para o casal, realmente. Eu tenho as responsabilidades e a preocupação de que tudo corra pelo melhor com a bebé, e o Tiago descobriu uma faceta diferente, em que lhe apetece conviver mais com os amigos e trabalhar à noite. A vida a dois está neste momento, e embora o lamente, relegada para segundo plano.
– Sente-se desiludida por perceber que algo tão desejado por vós, como a Carolina, acaba por vos afastar?
– A questão que se põe é que não foi por causa da bebé que começámos a distanciar-nos, mas sim por uma intensa alteração de personalidade do Tiago, que começou a acontecer ainda antes de ela nascer. Quando ele decidiu que gostaria de ser pai, estava determinado a ser um bom pai, tinha outros objetivos de vida. Quando efetivamente isso aconteceu, a sua personalidade tinha sofrido alterações e ele achou que afinal já não estava preparado.
– Põe em causa a continuidade da vossa relação?
– Essa é uma pergunta a que, de momento, não sei responder, pois a vida dá muitas reviravoltas e, para o bem da minha filha, sinceramente, esperemos que não. Só o tempo o dirá….
– Já regressou ao trabalho ou nesta fase está totalmente dedicada à Ana Carolina?
– Como estava a acabar o mestrado e fui fazendo alguns trabalhos de fotografia esporádicos, pode dizer-se que nunca deixei de facto de trabalhar. Estou dedicada de corpo e alma à minha bebé, mas em breve vou estar como relações-públicas de um espaço muito bonito em Albufeira, o Sétima Onda, e ela vai comigo.
– A maternidade será uma experiência a repetir, ou o facto de ter 40 anos fá-la hesitar?
– Espero bem que se repita. Se a vida o permitir, gostava de ter um menino. Adoro ser mãe, e a questão de ter feito agora 40 anos não me preocupa minimamente. Pode ser um cliché, mas a idade não conta, apenas o estado de espírito, e a forma como nos sentimos connosco próprios.
– Isso que dizer que se sente bem com a entrada nos 40?
– Sinto-me ótima. Confesso que a questão da idade nunca me preocupou, sempre gostei e hei de gostar de celebrar o meu aniversário. Existe uma beleza especial em cada fase da nossa vida e devemos aproveitá-la.