Sara Salgado tem apenas 21 anos mas conta já com várias participações em novelas. Tornou-se conhecida depois de vencer um concurso de uma marca de produtos para o cabelo, de onde passou para o elenco de
Morangos com Açúcar. Desde então, tem conseguido cumprir o sonho de ser atriz, mas nem por isso deixa de procurar alternativas a uma carreira com altos e baixo. De amor não fala muito, mas assume que sonha construir família, sublinhando que é uma ambição a longo prazo.
– Existe algum preconceito em relação aos atores que começaram nos
Morangos, já que há a ideia de que são mais escolhidos pela aparência do que pelo talento. Já sentiu isso?
Sara Salgado – Não, de todo. Foram a minha grande escola. Foi uma experiência fantástica, não tenho vergonha nenhuma de ter começado nos
Morangos, de onde já saíram grandes atores, hoje bastante conceituados. E muita gente só se deve lembrar de mim daí, um trabalho que fiz aos 16 anos, mas a verdade é que comecei aos 11, na novela
Olhar da Serpente. Foi apenas uma participação, mas foi a minha estreia. Depois parei, estudei, estive na Escola de Dança do Conservatório Nacional durante cinco anos e enveredei pelo mundo da moda.
– Decidiu ser atriz aos 16 anos, numa altura em que a vida de um jovem se começa a definir. Sentiu que poderia estar a perder a oportunidade de seguir um curso superior ou uma carreira menos arriscada?
– Nesse ano tive de parar porque gravava doze horas por dia e era impossível seguir com os estudos. Mas felizmente os meus pais sempre me incentivaram a não deixar de estudar e a ter uma alternativa. Quero muito ser atriz, mas continuo a estudar. Estou no curso superior de Publicidade e Marketing e quero terminá-lo. Sempre consegui conciliar tudo, felizmente. Nunca me deixei deslumbrar pela carreira de atriz.
– Os seus pais ficaram apreensivos quando decidiu ser atriz?
– Toda a minha família ficou apreensiva, na verdade, até eu fiquei. Nunca tinha estado em contacto com essa coisa chamada fama. Mas todos me apoiam, sobretudo os meus avós, que adoram.
– Depois de fazer os
Morangos, começou por certo a ser reconhecida na rua. Sentiu essa diferença?
– Senti na altura, porque era um público muito jovem e as crianças reconhecem-nos muito mais. Assustava-me um bocadinho sempre que ia a um centro comercial. Mas era também muito gratificante e felizmente nunca tive nenhum problema. Agora as coisas são um pouco diferentes. Hoje sinto que me reconhecem na rua, mas já não vêm tanto ter comigo.
– Com a chamada fama vem também o assédio da imprensa…
– Nunca o senti muito, porque nunca abri muito o jogo em relação à minha vida privada. Tento resguardar-me. Já me inventaram alguns namorados, mas nunca foram verdadeiros. O Zé Manel dos Fingertips, por exemplo, foi um desses casos, porque somos muito amigos. Acabámos por nos rir disso e pronto. E também já tive namorados entretanto que nunca se soube.
– Imagine que tem namorado e de repente surge na imprensa a notícia de que anda com outra pessoa. É fácil gerir isso?
– Felizmente nunca me aconteceu. Quando saíram essas notícias não estava com ninguém. Mas as pessoas com quem estive percebiam bem o meu trabalho, acreditavam em mim e respeitavam.
– Até porque muitas vezes tinha também que lidar com cenas mais arrojadas nas novelas…
– Sim. Poderia provocar ciúmes, mas sempre expliquei tudo muito bem. Se a pessoa realmente gosta de nós e percebe o nosso trabalho, isso não é um problema. Comigo nunca o foi.
– E agora, tem namorado?
– [risos] É uma informação que prefiro não partilhar.
– Tem o sonho de se casar e ter filhos?
– Qualquer mulher o tem. Claro que quero casar-me e ter filhos, mas não penso nisso para já. Acho que toda a gente pensa um dia construir família. A solidão, ainda por cima, é algo com que não lido muito bem.
– Como assim?
– Há momentos em que gosto de estar sozinha, sou filha única, e estou de alguma forma habituada a isso. Por outro lado, gosto de estar sempre com alguém, vivo com a minha mãe, tenho muitos primos, amigos…
– Quem são aquelas pessoas que tem como base de apoio na sua vida?
– A minha mãe, sobretudo, a minha avó e duas ou três amigas.
– Sendo tão ligada à família, não deve ter sido fácil ir de repente seis meses para o Brasil, onde fez um curso de representação…
– Não foi nada fácil, nem para mim nem para a minha mãe. No início foi muito complicado. Foi a primeira vez que saí de Portugal, para viver num país como o Brasil, em que a segurança não é a melhor. Custou muito, mas aprendi bastante. Acabou por ser uma experiência fantástica.
– Muita gente vem do Brasil apaixonada… aconteceu-lhe?
– Apaixonei-me, sim… Bom, quer dizer, apaixonei-me pelo Rio de Janeiro [risos]. Tive oportunidade de ir à Globo e foi fantástico.
– Seria capaz de trocar Portugal pelo Brasil?
– Sim, sem dúvida. Adorava poder mostrar o meu trabalho como atriz no Brasil.
– Tem algum sonho que queira concretizar mais rapidamente?
– Além de ter trabalho, e ter sempre as pessoas mais importantes da minha vida a apoiar-me, o que mais gostava era de ter tempo para viajar muito. Aprende-se imenso e na maior parte das vezes dá-se mais valor ao que temos aqui em Portugal.
– Acredita que cresceu mais depressa desde que entrou neste mundo?
– Por um lado tive uma perspetiva mais adulta em relação a certas coisas, por trabalhar com pessoas mais velhas e ter feito amigos mais velhos. Aprendi bastante, mas por vezes sou ainda muito infantil. Talvez possa dizer que tenho um ponto de vista mais maduro do que é comum na minha idade por ter começado a trabalhar mais cedo.