Rita Serrabulho, de 34 anos, personifica na perfeição a vida de uma mulher do século XXI. Profissional, mãe e mulher, a antiga jornalista não abdica de nenhuma destas realidades, pois só assim consegue sentir-se plenamente realizada. Ao lado do marido,
Pedro Abecassis, de 36 anos, consultor na área de sistemas informáticos, Rita tem construído uma família que nunca mais a permitiu sentir-se só.
Tomás, de quatro anos,
Francisco, de dois, e
Madalena, de três meses, são a grande prioridade do casal, que viveu de forma muito serena o nascimento prematuro da filha.
Depois de uma produção fotográfica em que a harmonia familiar foi evidente em cada momento, a CARAS falou com a diretora de comunicação sobre os filhos, a mulher que é hoje e os desafios profissionais que a levaram a afastar-se da televisão.
– Como é a gestão familiar quando se tem três filhos?
Rita Serrabulho – Os primeiros dias da Madalena cá em casa foram até um bocadinho ais fáceis do que os dos outros meus filhos e o que aconteceu acabou por relativizar tudo o resto. Nós temos sempre cuidado com os bebés, mas depois de ver o que a Madalena passou e como é que ela reagiu, acaba-se por ter menos medos. Neste momento, ainda nos estamos a adaptar aos novos ritmos. Ela agora já está numa fase em que está mais viva, mais desperta e vai roubando um bocadinho mais de tempo. Por isso há aqui uma disputa saudável entre os filhos. Tudo isto exige imenso de nós, mas vou tentando que as coisas não fujam do meu controlo. E conseguimos fazer a nossa vida normal, saímos, passeamos, fazemos fins-de-semana…
– O tempo que sobra para si e para o seu marido é que não deve ser muito…
– É verdade. Sinto que temos menos tempo para nós, mas estamos preparados para isso. Sabemos que é uma fase e aproveitamo-la ao máximo. Depois, quando eles saírem de casa, voltamos a ter tempo para nós. Mas fazemos sempre um esforço enorme para estarmos os dois, para termos nem que seja cinco minutos por dia para namorarmos.
– E como é que tem conciliado a sua vida profissional, muitas vezes sem horários, com os seus papéis de mãe e de mulher?
– Não é fácil, até porque eu sou uma perfeccionista por natureza e gosto de cumprir bem as responsabilidades que assumo. Há picos nas nossas vidas e, neste momento, tenho plena consciência de que estou na fase da minha vida em que o tempo menos chega para tudo. Alguma coisa, inevitavelmente, fica para trás. Mas vamos conseguir gerir tudo, o que depende da estrutura que criámos em redor da nossa família.
– É fácil não se perder no seu papel de mãe?
– Quando os pais estão bem, os filhos sentem isso. Não acho que seja pior mãe por estar a trabalhar. Ser mãe a tempo inteiro é um trabalho muito gratificante, mas também é desgastante. É muito fácil a pessoa entrar nesta rotina e passarmos todo o dia a cuidar das coisas dos filhos. É preciso parar e tirar um bocadinho para a minha vida profissional, que é muito importante para mim enquanto indivíduo. Quando estou com eles, estou em qualidade, o que é melhor do que estar em quantidade.
– A Madalena nasceu às 34 semanas de gestação. Agora que já se passaram três meses, como é que olha para essa experiência?
– Com orgulho. Não olho nem com tristeza nem com incompreensão. Ultrapassámos muito bem as coisas, sobretudo a Madalena, que não teve qualquer problema enquanto prematura. Ela é uma bebé perfeitamente normal e, portanto, tivemos a sorte de não terem ficado sequelas da prematuridade dela. A vida deve ser vivida um dia de cada vez e desde que a Madalena nasceu isso ficou mais acentuado. Eu e o Pedro crescemos mais um bocadinho, porque lidámos bem com a situação, que, para nós, não foi dramática.
– Quando se casou já estava nos seus planos ter uma família grande?
– Eu vou com uma boa média. Estou casada há quatro anos e já tenho três filhos. [risos] Eu e o Pedro sempre tivemos de acordo que queríamos ter três filhos, e já está.
– Ter constituído uma família mudou a sua personalidade e a maneira como está no mundo?
– Tive grandes mudanças na minha vida… Antes de me casar passei dez anos a viajar pelo mundo, nos programas de viagens que fiz. Tive o privilégio de ter esse trabalho, que me permitiu conhecer muitos lugares diferentes, muitas culturas… Foi um trabalho muito rico, mas estive sempre muito sozinha, longe da família e dos amigos, e isso traz uma grande solidão à pessoa. E na reta final desse processo já pensava que gostava de voltar a estar em casa, que foi uma coisa que desaprendi. Tinha uma casa, mas no fundo era quase como um hotel. E queria ter a minha família. Quando encerrei esse capítulo dos programas de viagens, sabia que era isto que queria.
– Entretanto também tem outros desafios na sua vida…
– Sim. A determinado momento surgiu na minha vida o desafio de conciliar três coisas: comunicação, turismo e marketing, que é a minha formação, e achei que era a altura de mudar. Tomei a decisão de sair da televisão e abracei este desafio dos guias turísticos
You Go, da M-Insight, que acompanham muito esta era de inovação e dos telemóveis.
– E sabe bem, depois de tantos anos no jornalismo, abraçar uma nova área?
– Nós nunca deixamos de ser jornalistas. Quando o somos, é algo que fica para sempre, mas agora não exerço. Senti essa necessidade de mudar, porque precisava de crescer. No momento em que saí da SIC estava estagnada e achei que era a altura certa para mudar. Tenho saudades de fazer televisão, mas a SIC não é um sítio em que fechamos a porta e nunca mais lá vamos, porque nos entra pela casa dentro. De qualquer forma, temos uma rubrica no Económico TV, em que fazemos sugestões que tenham que ver com turismo e lazer, e assim não perco o hábito.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.