Os advogados de defesa de Maria das Dores, que foi condenada a 23 anos de prisão por ter ordenado a morte do marido, o empresário Paulo Pereira da Cruz, recorreram ao Tribunal da Relação, considerando que seria essencial ouvir em audiência os peritos que elaboraram o relatório de personalidade da arguida, algo que havia sido negado durante o julgamento.A Relação aceitou o argumento e, no passado dia 27, Maria das Dores e os outros dois arguidos, João Paulo Silva e Paulo Horta, voltaram à sala de audiências do Tribunal da Boa Hora. A defesa queria ver esclarecidos os factos que constam do relatório da Direcção-Geral de Reinserção Social que defendem, por exemplo, que Maria das Dores terá uma capacidade intelectual acima da média, sabe distinguir o bem do mal e apresenta traços de psicopatia. Esta última constatação foi a que gerou maior polémica, levando os advogados de defesa, Brito Ventura e Fernando Carvalhal, a questionar a subjectividade dos testes e das decisões das peritas envolvidas.Está agendado para o próximo dia 3 a leitura da decisão sobre esta diligência. Um dos cenários possíveis é a repetição do julgamento, outro a redução da pena de Maria das Dores. Há ainda a possibilidade da arguida sair em liberdade se esta decisão não acontecer antes do fim do prazo legal para a prisão preventiva, situação em que Maria das Dores ainda se encontra por o processo estar em fase de recurso. Entretanto, Fernando Carvalhal aguarda com expectativa a decisão do tribunal e fala sobre o estado de espírito da sua cliente: "Ela está muito abalada, como tem estado sempre. E à espera que se faça justiça." Maria das Dores apareceu na Boa Hora de semblante carregado e, ao contrário do que aconteceu noutras audiências, decidiu falar aos jornalistas, revelando que a boa vontade da irmã, Vanda Alpalhão, que reside no Algarve, tem sido determinante para o seu bem-estar: "Correspondemo-nos e ela manda-me dinheiro todos os meses para eu sobreviver, porque tiraram-me tudo. Deixaram-me apenas as chaves do túmulo do meu marido." Maria das Dores fez ainda questão de frisar: "Custe o que custar, demore o tempo que demorar, vou provar que estou inocente."No Tribunal da Boa Hora estavam presentes os familiares da vítima, mas não David Motta, filho da arguida.
Maria das Dores regressa a tribunal e declara que vai provar a sua inocência
"A minha irmã manda-me dinheiro todos os meses para eu sobreviver." (Maria das Dores)
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