Há 32 anos nos Estados Unidos, Joaquim de Almeida não esconde a satisfação que lhe dá o facto de ter conseguido alguma projecção internacional, pelo que, aos 51 anos, não se arrepende de qualquer das escolhas que fez na vida. Apesar da sua principal preocupação ser a distância a que está da família, especialmente dos filhos – Lourenço e Ana, de 15 e 6 anos, respectivamente -, que vivem em Portugal, o actor vê-os várias vezes por ano, e garante que não é um pai ausente. Foi durante uma conversa num dos seus locais de eleição, a Taverna dos Trovadores, em S. Pedro de Sintra, que a CARAS ficou a conhecer os novos projectos de Joaquim de Almeida, entre os quais a gravação da série Robinson Crusoé, que o obrigou a permanecer três meses na África do Sul, e descobriu também que o actor já não namora com a islandesa Alla Sigga Jonsdottir, decisão da qual se revela, em parte, arrependido. – Terminou a relação com a Alla Sigga. O que aconteceu? Joaquim de Almeida – A verdade é que não consegui assumir um compromisso. Ou me comprometia em sermos um casal com tudo o que isso implica, sendo que ela já tem uma filha, ou então não dava para continuarmos. E como eu já tenho duas famílias, o Lourenço e a mãe, e a Ana e a mãe, fiquei um pouco assustado e não dei o passo seguinte. Isto foi há três meses, e ainda me está atravessado, mas pode ser que as coisas ainda mudem. Resolvemos fazer um intervalo e logo se vê como corre daqui para a frente. "Sou um pai que se preocupa muito e o esforço do meu trabalho é para os meus filhos." – A sua profissão também não ajuda a manter um compromisso… – Sem dúvida nenhuma, e ter de gravar em locais diferentes só piora. Em todas as relações que tive, já se sabia o meu estilo de vida e acha-se sempre que se consegue, mas não é fácil. Neste caso, a culpa foi minha, porque não tive coragem de assumir outra família. – Entretanto, o Lourenço tem passado mais tempo consigo, até porque participou no filme Óscar: Una Pasión Surrealista, onde fez o papel da sua personagem em criança. Além disso, também o acompanhou estes últimos meses na África do Sul. A vossa relação está cada vez mais próxima? – Tem sido muito giro. Tê-lo a meu lado ajudou imenso, a todos os níveis: a decorar os papéis, mas também a colmatar a falta que sinto dos meus filhos. Temos uma relação muito próxima, de amigos. Sou um pai liberal e, hoje em dia, somos mais ligados aos filhos como amigos do que como figuras paternais. Sobretudo na idade em que ele está, em que já temos outras conversas. – O facto do Lourenço estar a seguir os seus passos, deixa-o evidentemente orgulhoso. Não fica também receoso? – O Lourenço é um aluno de quadro de honra e tem sabido escolher o seu caminho. Enquanto se mantiver, terá liberdade de escolha. Quero que ele faça a universidade nos Estados Unidos e gostava que tirasse um curso de cinema e outro de aulas de representação. É uma decisão dele, e ainda tem muito tempo para decidir o que quer. – Alguma vez sentiu necessidade de cá estar e não pôde? – Penso que não. Acompanhei o Lourenço até aos seis anos, altura em que me separei da mãe dele. Com a Ana, tem sido mais difícil, pois separei-me da mãe dela quando ela tinha dois anos e, às vezes, parece-me que ela sente a minha falta. Ligo para eles todos os dias, mas sinto que custa muito à Ana de cada vez que me vou embora. Mas faz parte, foi a profissão que escolhi. – Tem sido o pai que gostaria? – Tenho sido o pai que posso ser. É evidente que gostaria de passar mais tempo com eles, mas isso é impossível, já que têm as obrigações escolares. Há momentos em que tenho de estar nos EUA porque tenho de arranjar trabalho, e lá, quem não aparece, depressa esquece. Mas sou um pai que se preocupa muito e o esforço do meu trabalho é também para os meus filhos. – Mas vai continuar nos Estados Unidos, ou põe a hipótese de regressar? – Nos primeiros 18 anos, só cá vinha no Natal, e quando cá estava, sentia imensas saudades da América, pois lá é que era a minha casa. Hoje em dia, com filhos, é sempre diferente, mas continuo a pensar que era incapaz de viver em Portugal a tempo inteiro, pois habituei-me a viver num país muito grande em que as possibilidades são muitas e onde posso fazer o meu trabalho com muito mais facilidade. "Sou um pai liberal e, na idade do Lourenço, já temos outras conversas." – Já contracenou com os mais diversos actores estrangeiros. Sente que representa o nosso país quando está lá fora? – Ainda há pouco estava a ler o jornal, e encontrei um artigo sobre os filmes representados no Festival de Veneza, no qual mencionam que lá vão estar a Kim Basinger e a Charlize Theron, mas não me mencionam, quando não só contracenei com elas [no filme Burning Plane] como também lá estive. Tenho muita honra em ser português, mas nunca fui nacionalista, e ainda bem que saí de cá tão cedo, pois caso contrário não teria a carreira que tenho. Estamos a conversar neste restaurante onde venho sempre que cá estou e os espanhóis é que vêm ter comigo. E quando estive a gravar na África do Sul, era reconhecido em qualquer local…
Joaquim de Almeida: “Não tive coragem de assumir outra família”
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