O interesse pelo Oriente, herdado do pai, revela-se discreto mas marcante. No hall, uma estátua budista dá as boas-vindas a quem chega. Na sala de estar, caixas, potes, baús, lanternas e figuras orientais decoram a biblioteca, de linhas retas, em carvalho natural, as porcelanas chinesas mostram-se num móvel antigo. Subindo a escada, gravuras com quimonos, cuidadosamente emolduradas. Portas japonesas, com papel de arroz no interior, guardam a suíte de Teresa Lucas. Foi a própria decoradora que as desenhou.
“Aprendi a apreciar a cultura oriental com o meu pai. Desde pequena, comecei a identificar-me com as peças que ele comprava nas suas viagens. Também eu adquiri esse hábito. Gosto de procurar e comprar mobiliário e objetivos decorativos diferentes. O Oriente tem um misticismo que me atrai”, conta a proprietária.
Situado no alto de uma colina, em Algés, o duplex, com 200m2 de área coberta, possui um amplo terraço completamente aberto ao rio Tejo. “É um dos meus espaços de eleição, tem uma vista extraordinária. Quando os dias estão bonitos, mesmo no inverno, gosto de abrir as portas envidraçadas do espaço social e andar de um lado para o outro”, refere. O sossego é uma constante em qualquer área da casa. Apesar da sua estratégica localização, o rebuliço da cidade fica longe.
“Quis fazer uma casa confortável, adaptada à minha vivência e à dos meus filhos. Os papéis de parede tornam os ambientes acolhedores. Não gosto de paredes brancas; são frias, sujam-se com facilidade e evidenciam a passagem do tempo. Já os papéis permitem decorar criativamente as paredes, quase não são necessários quadros, e construir espaços diferentes do habitual”, argumenta Teresa Lucas. Os veludos, peles, chenilles e algodões acentuam o conforto dos espaços. “Gosto de diversificar a escolha dos tecidos e de misturar diferentes texturas no mesmo ambiente”, nota.
A partir do hall acede-se à sala de estar e à sala de jantar, de um lado, à casa de banho social e à cozinha, do outro. No piso superior ficam as suítes da proprietária e dos seus dois filhos, o Tomás, de 18 anos, que neste momento está a viver e a estudar em Londres, e a Constança, de 10.
As áreas sociais e os espaços de circulação possuem tons neutros, de carácter intemporal, nomeadamente brancos, beges, cinzentos e castanhos, com apontamentos em vermelho. Local de encontro por excelência, a sala de estar concilia mobiliário desenhado pela decoradora – a biblioteca, estilizada, em carvalho natural, os sofás, espaçosos, estofados a chenille da Jab, a mesa de centro, de linhas retas, forrada a pele da Élitis, e as poltronas clássicas, revestidas a têxtil aveludado da Carlucci – com peças antigas – um móvel onde outrora as noivas guardavam o enxoval, um biombo do século XIX, pintado em papel, e vários objetos decorativos em porcelana chinesa. Elegante e sóbria, a sala de jantar, combinando diferentes texturas, nas paredes, nos cortinados e nas próprias cadeiras, é uma das áreas mais sensoriais da casa.
Funcional e moderna, a cozinha assume uma configuração que rentabiliza ao máximo a área disponível. Os móveis, em termolaminado branco e castanho chocolate, integram os eletrodomésticos e disciplinam os arrumos. A ilha de coação é prolongada por uma bancada, em silestone, que serve de mesa de refeições rápidas.
“Procurei personalizar os quartos de acordo com as idades. Decorei o quarto da Constança em tons de rosa e verde alface, próprios de um ambiente infantil”. Há pormenores engraçados, como bonecos, em papier-mâché, a fazer de puxadores, na estante, na secretária e no roupeiro, ou candeeiros miniatura, em papel plastificado, pendurados na estante para proporcionar uma luz suave. “Já no quarto do Tomás dominam os brancos, os pretos e os cinzentos”. Um póster de Nova Iorque, com os icónicos arranha-céus e a transcrição da letra da música homónima celebrizada por Frank Sinatra, compõem o cenário.
Portas japonesas, com papel de arroz no interior, guardam a suíte da decoradora. Escritório, quarto e casa de banho estão ligados e simultaneamente separados por estas estruturas deslizantes. “Apeteceu-me misturar lilases e castanhos, não é uma opção óbvia mas resultou bem. O lilás é uma cor muito pacífica, transmite-me serenidade”.
Sossego e conforto é aquilo que Teresa Lucas procura quando está em casa. “Durante a semana não consigo usufruir da minha casa, porque chego quase sempre tarde. Aos fins de semana gosto de estar no meu quarto a ver um filme e de convidar pessoas para jantar ou simplesmente para pôr a conversa em dia”.
Decoração: Mundo sensorial
Sossegada e confortável, a casa da decoradora Teresa Lucas, situada no alto de uma colina, em Algés, abre-se ao rio Tejo. Discreta mas marcante revela-se a presença do Oriente.