Às 17h30 do dia 26 de Setembro, quando entrou na Igreja de Saint-Jean Baptiste de l’Uhabia, em Arcangues, no País Basco francês, pelo braço do noivo, que a guiou até ao altar,
Micaela Cousino Quinonès de Leon, de 71 anos, tinha razões de sobra para sorrir de felicidade. Afinal, esperava há 35 anos que o seu amor pelo príncipe
Henri d’Orléans, conde de Paris e duque de França, de 76 anos, fosse abençoado perante Deus. Porque reconhecido pela lei dos homens já o era desde Outubro de 85, data da sua união pelo civil.
A razão desta longa espera, essa, tem sido motivo de intrincadas querelas no seio dos Orléans: Henri, pretendente ao trono de França, casou-se aos 24 anos, pela Igreja, com uma princesa alemã,
Marie Thérèse de Wurtemberg, com quem teve cinco filhos. Uma união que terá sido incentivada pelo pai do príncipe, o então duque de Paris, também ele
Henri, e que, pelos anos 70, já era apenas de fachada. Em Janeiro de 74, Henri conheceu Micaela, recém-divorciada, num jantar em casa de amigos comuns, e perdeu-se de amores por ela. Ao ponto de arriscar que o pai o afastasse das suas pretensões dinásticas, atribuindo-as directamente ao terceiro neto,
Jean, duque de Vendôme (o varão mais velho de Henri e Marie-Thérèse sofre de uma deficiência mental grave). Com o tempo, e já depois de Henri se ter divorciado da princesa de Wurtemberg (por quem sempre afirmou ter um enorme respeito), e casado pelo civil com Micaela (em 1984), o velho conde acabou por recuar na sua decisão e reconciliar-se com o filho.
Firme no seu amor por Micaela, filha de uma Grande de Espanha, a marquesa de San Carlos, Henri não desistiu nunca de conseguir um dia casar-se com ela pela Igreja, avançando com um pedido de anulação do seu primeiro casamento. Foram precisos 25 anos e três advogados para o conseguir, mas, em Fevereiro deste ano, o príncipe recebeu, finalmente, a luz verde do Vaticano.
Esta história cheia de pormenores rocambolescos continua, porém, a dividir a Casa de França, ao ponto do duque de Vendôme, hoje com 44 anos, ter enviado um
e-mail a alguns familiares no qual censurava
"um casamento que ridiculariza a nossa família e a Igreja", significando, por isso,
"a ruptura definitiva das nossas relações com o nosso pai".
Triste por não ter a seu lado em Arcangues nem os filhos, nem os irmãos (aliás, da sua grande família apenas um sobrinho,
Charles-Philippe, duque d’Anjou e marido da duquesa
Diana de Cadaval, esteve presente na cerimónia), o conde de Paris não deixou que essa ausência estragasse este dia, que viveu como
"a coroação do nosso amor depois de 35 anos de paciência".
"Uma longa aventura" que os recém-casados esperam poder viver
"ainda durante alguns anos".
GALERIA DE IMAGENS: Duques de Paris – Um casamento por amor
Duqes de Paris esperaram 35 anos pela bênção da Igreja.
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