Da inquietação artística ao design contemporâneo, da vanguarda à tradição, o trabalho de António Bernardo é uma referência no mundo da joalharia. O designer brasileiro esteve no Porto, a convite da Elements Contemporary Jewellery – que há dez anos o representa em exclusivo para Portugal –, e conversou com a CARAS sobre quatro décadas de percurso que podem ser vistas na exposição patente na nova flagship store na Rua das Flores, na Baixa do Porto.
Sem nostalgia e com a certeza de que ainda tem muito para experimentar, António vive o presente com os olhos no futuro. Diz que o melhor está sempre para vir e os desafios que se coloca são constantes. Com clientes em todo o mundo, defende que o seu trabalho é transversal a todas as culturas e independente de modas.
– Como está a viver esta evocação do seu percurso?
António Bernardo – Está a ser muito interessante. As minhas joias têm algo de intemporal, mas eu não penso nisso, não me dou a nostalgias. Vivo o momento presente. Não olho para o passado, acho que o meu percurso faz sentido e tudo é uma sequência. Gosto de pensar para a frente, que técnica vou usar, é esse o meu propósito. A melhor joia será sempre a próxima.
– É muito exigente consigo próprio?
– Sou… Depois de tantos anos de trabalho, em que já explorei mil temas e possibilidades, o que vem a seguir é sempre um desafio. A vida sem desafios não tem graça.
– O desafio é ainda maior quando a matéria-prima é limitada ao ouro, prata e pedras e os modelos a desenvolver também o são: brincos, anéis, pulseiras e colares. Concorda?
– É verdade, mas a história do ouro tem mais de sete mil anos, vem do tempo dos faraós, o que torna tudo muito interessante. Quando comecei a trabalhar, percebi que nunca me iria cansar, porque existem inúmeras possibilidades. Um ourives desenvolve diferentes técnicas, procura dominá-las, uma atrás da outra, e está sempre a aprender. E aprender é o que eu mais gosto, seja em que área for.
– As joias, enquanto acessórios, também mudam com a moda. No entanto, as suas joias de há 40 anos continuam atuais…
– Eu não sigo tendências, não sigo a moda, embora o meu trabalho esteja ligado à moda, porque uma joia faz parte de um conjunto. Penso em moda, aliás, já criei moda com algumas das minhas joias que fizeram muito sucesso e viraram tendência. Mas não é algo com que me preocupe. A joia é um objeto, tem de ser interessante para mim, original e diferente.
António Bernardo: “Gosto de pensar para a frente, a melhor joia é sempre a próxima”
O “designer” de joias brasileiro revisita no Porto 40 anos de carreira, numa exposição das suas peças mais icónicas.
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