Quando Felipa Garnel disse às filhas, Ana, de 13 anos, e Rosa, de 15, que iria ser motorista da Uber, não recebeu reações entusiastas. “Fiquei um bocadinho assustada, porque tinha medo que a minha mãe se magoasse. Também tinha receio de que pudesse apanhar alguns amigos meus, à noite, num estado alterado e que mudasse a opinião que tinha a respeito deles”, justifica a filha mais velha. “A minha reação foi drástica. Só lhe disse: ‘Se a mãe quer arranjar histórias, vá para a porta de um hospital.’ Não queria que a minha mãe conduzisse os meus amigos, mas, graças a Deus, isso não aconteceu”, conta Ana. Se as filhas não foram logo conquistadas por esta ideia, já o marido, o médico Nuno Lobo Antunes, e o filho mais velho, Tomás, de 35 anos, que nasceu de uma relação anterior e lhe deu já um neto, Joaquim, de quatro anos, apoiaram-na desde o primeiro momento. Felipa seguiu a sua vontade e avançou. Quer e faz. É assim aos 54 anos, como sempre foi. Igual a si própria, escolhe o que a faz feliz, mesmo que isso a leve por caminhos menos óbvios. E foram precisamente os testemunhos que ouviu ao longo das estradas que percorreu ao serviço da Uber que a ex-apresentadora conta no livro Confidências – As Minhas Histórias como Motorista da Uber.
Numa tarde passada ao lado das filhas, Felipa conversou com a CARAS sobre o impacto que estas Confidências tiveram nela e como tem conservado uma certa rebeldia, que lhe permite acreditar que os sonhos não têm prazo de validade.
– Olhando para estas fotografias, parece que já tem ali mais duas Felipas. Revê-se muito nelas?
Felipa Garnel – As opiniões divergem. Há muitas pessoas que acham a Ana mais parecida comigo, outras mais a Rosa. Quem me conheceu na idade da Rosa acha-a muito parecida comigo. A Ana é um furação, leva tudo à frente, é uma líder, é refilona, defende a Rosa, briga com os amigos da irmã… A Rosa é mais tranquila, tem um coração do tamanho deste planeta, tem uma sensibilidade incrível e é mais artística. São muito diferentes. De feitio, o meu marido diz que a Rosa sai completamente a ele, mas eu acho que ela tem muitas coisas minhas. Agora, numa análise rápida, eu também sou um bocadinho furacão, como a Ana. Fisicamente, elas são uma boa mistura dos dois.
– Acaba de lançar o livro Confidências – As Minhas Histórias como Motorista da Uber. Foi difícil contar à família que queria viver esta aventura?
– Tinha esta ideia há muito tempo. Cheguei a falar com uma sobrinha do meu marido que queria ser taxista e ainda pensámos na possibilidade de partilharmos um táxi, mas essa ideia acabou por nunca ir para a frente. Agora, quando decidi avançar, já foi com o propósito de escrever o livro. Havia uma editora que me desafiava para escrever um livro, mas só queria aceitar se tivesse uma ideia realmente interessante. E então propus isto. Como sou ansiosa, quando decido algo, avanço e trato logo de tudo. Em dois dias tinha tudo pronto para começar.
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1233 da CARAS