Em menos de um mês, Jussie Smollett, 36, passou de vítima a vilão na opinião pública. Depois de um período de investigação, a polícia de Chicago classificou o ator como suspeito de planear o próprio ataque, que teria motivações racistas e homofóbicas, e de fazer uma denúncia falsa sobre o incidente.
No final de janeiro, a história de Smollett tornou-se viral. Na altura, apresentou queixa e disse que saía de um restaurante quando foi atacado por dois homens caucasianos, ao que tudo indicava apoiantes de Donald Trump, que lhe bateram, amarraram uma corda à volta do seu pescoço e derramaram lixívia sobre o seu corpo. Tudo isto enquanto gritavam insultos racistas e homofóbicos. Jussie foi levado para o hospital com uma costela fraturada e alguns arranhões no rosto.
Os relatos iniciais deram azo a ondas de apoio nas redes sociais, muitas delas lideradas por celebridades. Contudo, as dúvidas não demoraram a surgir, especialmente porque Jussie se recusou a cooperar totalmente com as autoridades depois do ataque. Além disso, os detetives estranharam três situações: não conseguiam encontrar qualquer registo da agressão numa cidade que é conhecida por ter câmaras de vigilância em praticamente todos os cantos; a vítima manteve a corda no pescoço durante 42 minutos após o ocorrido; o ator levou os agentes até ao local do crime e apontou imediatamente para uma câmara de vigilância que teria capturado o espancamento mas, afinal, o objeto estava virado para a direção errada.
Mais tarde, dois irmãos que teriam tido algum tipo de participação no incidente foram levados para interrogatório e ibertados passadas 48 horas. A polícia anunciou que já não eram suspeitos e que tinha havido “uma mudança significativa na trajetória” da investigação. A acusação formal chegou no mesmo dia em que tanto os detetives como Ola e Abel Osundairo testemunharam perante um grande júri, um instrumento poderoso na investigação judicial nos EUA, que tem como missão decidir se os elementos disponíveis são suficientes para justificar a existência de um processo e, em caso afirmativo, preparar a acusação.
Os homens terão dito às autoridades que, em primeiro lugar, ajudaram o ator a criar uma carta ameaçadora com recortes de revistas, que este recebeu nos estúdios da Fox cerca de uma semana antes do ataque. Desiludido depois de o documento não ter causado uma “reação maior”, Jussie contratou-os para levarem a cabo a farsa – e até terá havido um ensaio antes da data. Também surgiu um vídeo em que os irmãos compram máscaras de ski, luvas, óculos de sol e chapéus vermelhos na véspera da agressão.
Smollet acabou por se entregar à polícia nesta quinta-feira, 21 de fevereiro, data em que as autoridades deram uma conferência de imprensa sobre o caso. O Superintendente Eddie Johnson afirmou com toda a certeza que a estrela encenou o incidente porque estava “insatisfeito com o seu salário” na série de sucesso Empire. Além disso, revelou que os ferimentos de Jussie eram, muito provavelmente “autoinfligidos”.
Se for condenado, Jussie Smollett poderá passar até três anos na prisão.