Filho de dois artesãos, mestres nos seus ofícios – um sapateiro e uma costureira –,
quando, em pequeno, se sentava nos joelhos da mãe e a ajudava a dar aos pedais da velhinha Singer, Tony Miranda estava longe de imaginar que, um dia, se tornaria um reconhecido nome da alta-costura. Um desfile de Christian Dior que viu passar na televisão instalada no salão paroquial da sua aldeia, em Felgueiras, acabou por ditar o seu rumo profissional. Foi para Paris ainda antes de fazer 14 anos, trabalhou com alguns nomes maiores da alta-costura, como Joseph Camps ou Ted Lapidus, chegou a abrir um atelier em nome próprio, primeiro na Avenue de Suffren, mais tarde na Rue de Cambon – onde se situa a mítica sede da Casa Chanel –, até decidir regressar a Portugal, em 1989. Recebeu a CARAS no atelier que abriu há 22 anos na Avenida da Liberdade e onde chegou a funcionar, também, um pronto-a-vestir, que encerrou após a morte do filho, vítima de cancro aos 38 anos. Discreto, trabalhador e perfecionista, o mestre que já vestiu Brigitte Bardot, Charles Aznavour, Jacques Brel, Reza Pahlevi, Xá da Pérsia, ou Jacques Chirac, partilhou alguns segredos da sua arte.
– O fascínio pela arte da costura despertou a partir de um televisor…
Tony Miranda – Desde que vi o tal desfile, nem dormia a pensar na melhor maneira de chegar a Paris. Na altura, para o conseguir, precisava de 12 mil escudos, que era muito dinheiro. Não descansei até arranjar o dinheiro.
– Que pediu emprestado?
– Sim, tive a ajuda da minha irmã mais velha e, sobretudo, do mestre alfaiate com quem trabalhava.
– O que é que define uma peça de alta-costura?
– Uma peça de alta-costura é uma peça única. Temos de observar com atenção os gestos, a atitude, o comportamento da pessoa, para definir o estilo que queremos criar para a peça. A verdadeira alta-costura é uma peça simples e com bom corte. Se não tiver bom corte, podem dar-se muitos pontinhos, mas nunca será uma peça de alta-costura. Por isso, nunca se pode dizer que uma peça destas vai estar pronta em 15 dias ou num mês. Demora o tempo que demorar. Também não se pode dar orçamentos. Não há mais ou menos em alta-costura. As peças têm de ser perfeitas. E é pena que em Portugal se fale em alta-costura sem se saber o que é realmente.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1141 da revista CARAS.
Assinatura Digital
Apple Store
Google Play
Tony Miranda: “Não há mais ou menos em alta-costura, a peça tem de ser perfeita”
O criador, de 69 anos, recebeu a CARAS no seu ‘atelier’, na Avenida da Liberdade, onde nos falou, com entusiasmo, da arte à qual se dedica há mais de 50 anos.
+ Vistos
Mais na Caras
Mais Notícias
Parceria TIN/Público
A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites