Entramos pela porta de um dos salões do Palácio Cadaval, em Évora, e somos surpreendidos por
Diana de Cadaval, de 36 anos, sentada no chão, de pés descalços, a desembrulhar bolas de vidro com a ajuda da filha,
Isabelle, que completa três anos no dia 22 de fevereiro. É assim que prepara o Natal da família a mulher que é casada com um príncipe francês, vive num palácio e é visita assídua das famílias reais europeias. Foi educada para herdar o título de duquesa de Cadaval, tornou-se princesa pelo casamento com
Charles-Phillipe d’Orléans, mas tem perfeita noção da realidade que a rodeia e de que os contos de fadas não existem.
Diana de Cadaval, de 36 anos, sentada no chão, de pés descalços, a desembrulhar bolas de vidro com a ajuda da filha,
Isabelle, que completa três anos no dia 22 de fevereiro. É assim que prepara o Natal da família a mulher que é casada com um príncipe francês, vive num palácio e é visita assídua das famílias reais europeias. Foi educada para herdar o título de duquesa de Cadaval, tornou-se princesa pelo casamento com
Charles-Phillipe d’Orléans, mas tem perfeita noção da realidade que a rodeia e de que os contos de fadas não existem.
– Estamos habituados a vê-la nos acontecimentos sociais de maior prestígio, porém, surpreende-nos muitas vezes com a imagem de uma mulher comum.
Diana de Cadaval – Sou, acima de tudo, esposa e mãe de família, com um quotidiano feito de coisas simples. O prazer de preparar o Natal com a minha filha faz parte desse quotidiano.
– Como é o vosso ritual de decorar a árvore de Natal?
– Eu e a minha filha fazemos tudo juntas: o presépio, a árvore e a decoração da mesa. É uma festa de família muito importante que partilhamos com alegria e amor.
– O presépio nunca é esquecido?
– É preciso nunca esquecer as origens desta festa, e o presépio é o símbolo mais importante. Na nossa família não há Natal sem presépio.
– O Natal ganhou novo significado desde que foram pais?
– É uma etapa nova na nossa vida, mas o Natal sempre foi muito importante para nós e fazemos por transmitir à nossa filha o amor pela época que herdámos dos nossos pais.
– O primeiro Natal da vossa filha foi passado em Espanha, com a família paterna, o segundo em Portugal, com a família materna. Como será este ano?
– Será em casa da princesa Clotilde [irmã mais velha de Charles-Philippe], que vive nos Estados Unidos. A Isabelle reencontrará todos os primos, que ela adora, e fará a sua primeira grande viagem. Está muito entusiasmada!
– Estando a preparar o Natal também aqui, no Palácio Cadaval, é natural que lhe venham à memória os tempos felizes que aqui viveu…
– O palácio está na minha família há sete séculos. Esta casa representa a tradição, a herança e a história da minha família e também de Portugal. Os acontecimentos mais importantes da minha vida tiveram lugar aqui: o meu casamento, o batizado da minha filha… E, naturalmente, no Natal penso ainda mais nos momentos felizes que aqui vivi na minha doce infância.
– Naturalmente, gostava que o seu pai tivesse conhecido a Isabelle…
– Adoraria. E sei que ele gostaria de passar tempo com ela, o meu pai seria o avô com que qualquer criança sonha: terno, afetuoso, trasbordante de amor e generosidade.
– Ter herdado do seu pai o título de duquesa de Cadaval trouxe-lhe um grande orgulho mas também muitas responsabilidades. Como as gere?
– É efetivamente um grande orgulho, pois com este título tornei-me herdeira da história da minha família e de uma parte da história de Portugal. Quanto às responsabilidade, além do património que é preciso preservar e proteger, tenho o dever de exemplaridade e de transmissão de valores. É um trabalho permanente, mas que gosto de fazer.
– Foi educada para ser duquesa?
– Recebi uma educação rigorosa e internacional, mas o mais importante que recebi dos meus pais foi o respeito e o amor. Com estes dois valores posso ser o que quiser na vida, incluindo uma duquesa.
– Dá importância aos títulos?
– Sim, na medida em que eles representam a história das famílias e do nosso país. Mas dou maior importância às pessoas que os merecem, às suas qualidades.
– Por isso nunca quis viver como num conto de fadas?
– Os contos de fadas não existem no século XXI! Eu tenho um marido maravilhoso, uma filha excecional, uma família que me ama. Sou feliz. Além disso, tenho saúde e amo o meu trabalho e a minha casa.
– Afinal o que significa ser duquesa e princesa nos dias de hoje?
– Ter o dever de lembrar e de transmitir. Este título permite-me também dar voz aos que são silenciados ou esquecidos. Ponho-me frequentemente ao serviço dos outros e gosto muito de fazê-lo.
– Vive com os pés bem assentes no chão?
– Os meus pais ensinaram-me a ser pragmática e realista. Tal implica ter consciência da realidade, respeitá-la e vivê-la. Sou muito terra a terra.
– Como é um dia na vida de Diana de Cadaval?
– Como o de qualquer mãe que trabalha, uma corrida contrarrelógio.
– Entre a gestão do Palácio Cadaval, as ações humanitárias e a escrita, ainda tem tempo para viajar e acompanhar o seu marido. É uma boa gestora do seu tempo?
– Viajamos com muita regularidade, em lazer ou em ações humanitárias, mas giro o meu tempo de modo a que ninguém fique prejudicado.
– O seu marido é o príncipe com que sonhava?
– Sonhava com um príncipe encantado. O meu marido é encantador e é príncipe!
– Trata-o por príncipe?
– Não! Para mim ele é, acima de tudo, o meu marido e o pai da nossa filha.
– Como preparam o futuro da vossa filha?
Charles-Philippe d’Orléans – Com uma boa educação, religião e muito amor.
– Que influência tem na vida de Isabelle o padrinho, o rei Felipe VI de Espanha?
– O rei Felipe é o seu mentor e sabemos que lhe transmitirá os valores cristãos e lhe dará amor. Podemos sempre contar com a ajuda do rei se for necessário.
– Vivem num meio muito privilegiado. Têm noção do país real, das dificuldades das pessoas, da falta de emprego?
– Nós vivemos no mesmo país que os leitores da CARAS e estamos conscientes das dificuldades que muitos vivem. A crise é grave e no nosso quotidiano pessoal e profissional somos confrontados com ela todos os dias.
– Pessoal e profissionalmente, foi um ano feliz para ambos?
– A vida não é só feita de momentos felizes. Também o ano de 2014 foi polvilhado de momentos difíceis, que felizmente tivemos a capacidade de superar.
– Que momentos foram esses?
– Os comuns a todas as família… Na verdade, chegados ao final do ano, podemos dizer que o balanço de 2014 é muito positivo.
– O casamento trouxe-o ao país de exílio dos seus avós. Como tem corrido a sua adaptação?
– Portugal ficou gravado no coração dos meus avós e hoje, que aqui estou instalado, sinto-me feliz ao seguir os passos deles. Reencontrei-me com amigos dos meus avós com quem partilho histórias divertidas e memórias.
– Mas imagino que continue a apanhar o avião com frequência?
– Sim, viajo muito em trabalho, sobretudo na Europa, mas também para a Ásia.
– A sua mulher acompanha-o com frequência?
– Reservamo-nos para as viagens que gostamos de fazer juntos: as de turismo, descoberta ou solidariedade. Nas deslocações profissionais prefiro viajar na companhia dos meus parceiros.
– Já fala português com a sua mulher?
– Em casa falamos francês. Português falo com os meus amigos e no trabalho.
– Estão casados há seis anos. Que balanço fazem?
– Foram anos de grandes aventuras, de obstáculos superados, de momentos de dor e de alegria, de amor. E ainda estão para acontecer muitas coisas boas.
– Partilham os mesmos valores…
– Somos um casal muito próximo e, claro, partilhamos os valores que nos foram transmitidos pelos nossos pais e que queremos transmitir à nossa filha.
Agradecemos a colaboração de: Carolina Herrera, Dino Gonçalves e Jardim Primavera (Sintra)
Agradecemos a colaboração de: Carolina Herrera, Dino Gonçalves e Jardim Primavera (Sintra)