Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu a 11 de dezembro de 1908 na Cedofeita, no Porto. Muito cedo foi para Espanha, para a cidade de A Guarda, na Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas. O próprio já referiu que nunca foi bom aluno e que encontrou no desporto um escape e chegou mesmo a ser campeão nacional de salto à vara.
À parte disso, dedicou-se também ao automobilismo e a uma vida boémia, onde as tertúlias com amigos como José Régio, Agustina Bessa-Luís ou Luís Amaro de Oliveira, eram uma constante.
Com apenas 20 anos deu os primeiros passos na escola de atores do Porto e, em 1928, participou num filme de Rino Lupo. Cinco anos depois participou no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa, realizada por Cottinelli Telmo, em 1933.
A aventura no mundo da ficção começou em 1942 com Aniki Bóbó, um filme que retratava a infância das crianças que viviam na Ribeira do Porto. Na altura, foi um fracasso comercial e só alguns anos mais tarde foi reconhecido como uma das melhores obras do cinema português.
O insucesso fê-lo abandonar o cinema e dedicar-se aos negócios da família. Regressou 14 anos depois, em 1956, com O Pintor e a Cidade.
Foi nos anos 60 que o seu trabalho começou a ter reconhecimento internacional: primeiro com uma homenagem no Festival de Locarno, na Suíça (1964), e depois com a exibição da sua obra na Cinemateca de Henri Langlois, em Paris (1965).
Na década seguinte, com O Passado e o Presente (1971), inaugurou a época dos prémios e elogios pelo seu trabalho. Seguiram-se Benilde ou a Virgem Mãe (1975), Amor de Perdição (1978) e Francisca (1981).
Em 1985 foi galardoado com o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, pelo filme Le Soulier de Satin.
Dois anos depois realizou o documentário A Propósito da Bandeira Nacional, um filme sobre a exposição do seu filho, o pintor Manuel Casimiro de Oliveira, em Évora.
Desde essa altura manteve um ritmo de trabalho imparável, com uma longa-metragem por ano.
Em 1988 levou Os Canibais ao Festival de Cinema de Cannes e dois anos depois, no mesmo evento, apresentou Non ou a Vã Glória de Mandar, que lhe valeu uma menção especial do júri. Nos anos que se seguiram sucederam-se as homenagens, em Veneza (1991), Tóquio (1993), São Francisco e Roma (1994) e cada vez mais o trabalho de Manoel de Oliveira passou a ser reconhecido em todo o mundo.
Foi galardoado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) em 1995, com o Prémio Carreira, no âmbito das comemorações do centenário do cinema português.
Em 1997, a SIC e CARAS atribuíram-lhe o Globo de Ouro de Melhor Realizador. E em 2009 o cineasta voltou a ser distinguido durante a gala dos Globos de Ouro com o Prémio de Mérito e Excelência.
Já com 103 anos, recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e este ano a Medalha de Conhecimento e Mérito do Instituto Politécnico de Lisboa.
No ano passado, o realizador estreou O Gebo e a Sombra, rodou uma curta-metragem, O Conquistador Conquistado, na sequência do convite da cidade de Guimarães enquanto Capital Europeia da Cultura.
Manoel de Oliveira é casado, desde dezembro de 1940, com Maria Isabel, de 95 anos, de quem tem quatro filhos: Manuel Casimiro, José Manuel, Isabel Maria e Adelaide. Nos últimos anos passou por vários momentos delicados ao nível da saúde, sobretudo devido a problemas cardíacos e respiratórios.
Manoel de Oliveira: 105 anos em 105 imagens
O cineasta português completa hoje, dia 11 de dezembro, o seu 105.º aniversário.
+ Vistos
Mais na Caras
Mais Notícias
Parceria TIN/Público
A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites