O sorriso de Daniela
Mercury, de 48 anos, está ainda mais cativante. A responsável por este seu
estado de paixão é a jornalista Malu Verçosa, de 37, a quem a cantora,
há 18 anos embaixadora do Unicef no Brasil, chama Maria em poesias e canções.
No Castelo de CARAS, em Tarrytown, Nova Iorque a CARAS testemunhou a
cumplicidade das duas. E é com pequenos gestos, como a troca de olhares, a
gargalhada fácil e até um singelo beijo, que Daniela e Malu alimentam o romance
de oito meses. “Somos apenas um casal apaixonado, com vontade de mudar,
encher o mundo de amor. Quem não conhece a liberdade não sabe que está preso;
quem não conhece a paixão não sabe o que é a vida”, diz a rainha do axé.
Com esta mesma certeza, Daniela e Malu anunciam mais um passo importante.
Depois da troca de alianças em Paris, oficializaram a relação pelo civil, com
direito a mudança de apelidos, no dia 12 de outubro, em Salvador. “Vamos
fazer um ritual poético e filosófico, não religioso, mas legal. É uma conquista
da nossa Justiça. Será uma atitude simbólica e também política”, garante a
estrela, que já compôs música para surpreender a namorada no grande dia.
Para a cantora e a jornalista, expor a relação foi uma quebra de padrões e
garantem que a recetividade tem sido surpreendente. Nesta entrevista, Malu e
Daniela – que é mãe do músico Gabriel, de 28 anos, e da bailarina Giovan,
de 26, do casamento com Zalther Póvoas, e de Márcia, de 15, Analice,
de 12, e Ana Isabel, de três, adotadas por ela – falam abertamente sobre
a aproximação após o fim da união da cantora com o publicitário Marco Scabia,
da rotina e de medos.
– A data que escolheram para o casamento tem algum sentido especial?
Malu – É dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e com quem
temos uma relação forte. O nosso primeiro beijo foi às seis da tarde, em frente
a uma igreja, quando os sinos tocavam.
– Por que é que decidiram oficializar a união?
Daniela – Antes de publicar no Instagram que estávamos juntas, viajámos
e casámos em Paris. Era um namoro recente, mas somos mulheres diretas. Não
temos controlo sobre a paixão. Agora, decidimos celebrar com as pessoas que
amamos.
– E a festa?
Malu – Será algo íntimo para as famílias e os amigos que nos apoiaram.
Naquele momento, estávamos fragilizadas. Queremos estas pessoas por perto, com
a sua energia positiva.
Daniela – Vamos firmar um compromisso que já existe e festejar este amor
de maneira livre e com a nossa altivez.
– Como sentiu a repercussão?
– De facto, não tinha noção do que iria acontecer. A sensação é que
estamos a ser aplaudidas por muita gente e que o Brasil não é assim tão
conservador ou preconceituoso. É mais machista. Pode não ser tão normal ver um
casal como nós falar claramente sobre a questão. Mas a verdade é que as pessoas
já compreendem e estão mais tranquilas com esta convivência. Sempre tive uma
postura política, as minhas canções falam contra o racismo, ‘afirmam’ o meu
povo.
Malu – Facilita sermos bem-sucedidas, bonitas, femininas e a Dani ser
artista.
Daniela – A comunicação do nosso casamento foi um divisor de águas. Isso
pode ser o começo para uma nova atitude. Todos deveriam agir com naturalidade e
sair com seus companheiros. Após a revolução sexual dos anos 1920 e 1960 e os
movimentos gay e feministas, chegamos a 2013 ainda amarrados por
questões desta imposição moral e religiosa, mesmo num país laico.
Malu – Espero que daqui a 10, 20 anos não seja assim tão importante
discutir-se o relacionamento de um casal pondo o género em questão. Quando isso
acontecer, é porque evoluímos como seres humanos, é porque a sociedade e o país
também evoluíram.
– Que outra mensagem querem passar?
Daniela – Não queremos ser vistas como um casal gay, mas como um
casal que se ama. E é importante que se fale nestes assuntos desde a infância.
As crianças compreendem quando as pessoas se amam. As nossas filhas, de 15 e 12
anos, adoram ver-nos juntas.
Malu – Somos os ídolos delas. A mais nova, a de três anos, diz,
orgulhosa, que tem duas mães.
– Quem é a mais mandona?
– Ela manda em tudo. Não me visto até a Dani me dizer que roupa vou
usar.
Daniela – Não mando em nada. Escolho e mostro os modelos para ver se ela
gosta.
Malu – Mas se escolho antes, o mundo cai.
Daniela – Se atrás de um grande homem há sempre uma mulher forte, agora
tenho muito mais hipótese de ser ainda melhor por ter a Malu comigo, que é
inteligente e cuida dos detalhes. Conversamos bastante e ambas gostamos de
liderar e produzir. Resolvemos tudo, o difícil é ver quem vai mandar. Se
tivermos um pouco de lucidez, uma fica quieta ao lado da outra.
– Pensam em engravidar?
Malu – Tenho muita vontade, mas acabei de ganhar três crianças de idades
diferentes. Casei-me, larguei a televisão, onde trabalhava há 20 anos, estou a
escrever um livro, passei a estar exposta publicamente, coisa que nunca quis.
Estou a readaptar-me ao mundo, por isso este não é o momento ideal para pensar
em ter filhos.
– A fidelidade é essencial?
– Sim. O nosso acordo é ser fiel.
Daniela – Não existe a menor chance do contrário. Não temos papas na
língua. Não há condição de ter uma relação de verdade e construir uma vida sem
confiança mútua.
Malu – Eu tenho medo dela. [risos]
Daniela – Você tem medo da vida ou de mim?
Malu – De perder você! Deus me livre!
Daniela – Eu também. Por isso, já temos uma aliança e vamos pôr outra em
cima.
Daniela Mercury e Malu Verçosa no Castelo da CARAS
Em entrevista, a cantora e a namorada relembram como foi o primeiro beijo, falam sobre o desejo de ter filhos e da decisão de oficializarem a união.
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