“O Rui Pedro e os pais merecem que a justiça seja feita”, afirmou hoje Ricardo Sá Fernandes à entrada do Tribunal da Relação do Porto, onde o coletivo de juízes presidido por António Gama ouviu as alegações finais do advogado da família do menor desaparecido de Lousada a 4 de março de 1998, do magistrado Amaro Neves, em representação do Ministério Público, e de Paulo Gomes, advogado do arguido, Afonso Dias, que a 22 de fevereiro do ano passado foi absolvido pelo tribunal de primeira instância de Lousada da alegada prática do crime de rapto.
As declarações dos primeiros inspetores da Polícia Judiciária e o descrédito para com o testemunho da prostituta Alcina Dias, a par do que fez Rui Pedro depois do almoço do último dia em que foi visto continuam a ser os pontos-chave deste processo.
No centro da sala, o arguido manteve o silêncio, à semelhança do que fez durante todo o julgamento. “Condenem o Afonso Dias porque ele merecer ser condenado“, disse Ricardo Sá Fernandes, referindo que aquele “está a esconder” a sua responsabilidade no desaparecimento de Rui Pedro. Paulo Gomes, por sua vez, considerou “inacreditável” que se defenda condenação do arguido.
Sempre presentes, os pais de Rui Pedro, Manuel Mendonça e Filomena Teixeira, assim como a irmã, Carina, o tio, Carlos Teixeira, e o primo, João André, não desistem de procurar o jovem desaparecido há quase 15 anos. Visivelmente debilitada, a mãe afirmou: “Tenho esperança que se faça justiça. Vamos esperar pela sentença, é um passo de cada vez.”
Um ano depois do mediático julgamento, a família tem-se concentrado no trabalho para arranjar forças para continuar esta luta. “Temos tido uns dias melhores que outros, mas continuamos à espera”, disse à CARAS Manuel Mendonça, concluindo: “Seja qual for a decisão, não vamos desistir de procurar pelo Pedro. Depois das alegações que ouvimos hoje, alguma coisa tem de ser feita.”
O tribunal marcou para o dia 27 a decisão sobre o recurso interposto pelo Ministério Público e pelos advogados da família de Rui Pedro.