Proprietários das lojas Hera e Loja Amarela, São Taborda, de 54 anos, e António Taborda, de 64, partilham há 27 anos a vida pessoal e profissional. Companheiros de todas as horas, enfrentam um novo desafio, já que a crise em que o país mergulhou os obrigou a reinventar os negócios. Porque o equilíbrio familiar também passa pelo sucesso profissional, até porque as duas filhas da designer, Inês Monget Sattoul (que tem já, ela própria, duas filhas) e Susana Kerardo, também trabalham na empresa, São e António acreditam que dias melhores virão e tudo fazem para que isso aconteça. Foi na sua casa, na Quinta Patiño, que conversámos com os dois.
– Qual é o segredo de um casamento tão duradouro?
São Taborda – O António tem muito bom feitio [risos]. Ele tem uma educação que admiro imenso, já que eu sou mais impulsiva, e depois acha que eu sou muito boa a fazer tudo. Está sempre a valorizar-me. Sabe o feitio que eu tenho e que não é fácil, mas elogia as minhas qualidades.
António Taborda – Acho que existe uma grande cumplicidade entre nós. O engraçado nisto tudo é que sempre nos demos muito bem, mas cada vez nos damos melhor. A vida é cada vez mais exigente e obriga-nos a tomar atitudes mais duras no que diz respeito ao trabalho e eu tenho de defender a São em todas as situações, já que ela é muito dedicada. Eu já tinha a Hera, mas foi a São que a tornou o que é hoje e sou-lhe agradecido.
– Como é que a São se interessou pelo calçado ao ponto de até ter começado a desenhar modelos depois de conhecer o António?
São – Bom, conheci as fábricas, fui conhecendo o meio e senti que poderia fazer parte dele. Comecei a desenhar sapatos com receio de que não resultasse, mas foi um sucesso, já quer consigo juntar design, conforto e funcionalidade. E sempre fiz roupa, que adoro.
– Como se consegue equilibrar uma relação que passa também pela vida profissional?
– Talvez seja mais fácil por não trabalharmos propriamente juntos, pois o António está mais na parte administrativa e eu na criativa.
– Sei que as suas filhas também trabalham convosco. Não é difícil conciliar o papel de mãe com o de patroa?
– Tivemos de definir funções para não haver esses problemas. A Inês está mais ligada à área de exportação e a Susana às lojas. Elas ajudam-me muito e estão dedicadas a isto há mais de uma década, começaram com 14 e 16 anos. Eu sou muito exigente e elas trabalham e cumprem horários como todos os empregados. Sou um bocadinho autoritária [risos].
– Foi a crise vos conduziu à exportação?
– É verdade. Hoje em dia, ou se fecha as portas, ou se vai para fora, devido à falta de consumo interno. Fechar está fora dos planos, já que temos muitas pessoas que dependem de nós. Teremos até de começar a trabalhar aos fins de semana.
– Esta fase mais difícil que atravessam aproxima a família?
– Acredito que sim. Quando estava tudo fabuloso, se calhar as minhas filhas não eram tão participativas, agora estamos todos unidos com o mesmo objetivo e isso é muito bom e reforça os laços familiares.
– Neste ponto da vida, não será fácil começar de novo…
– Não é nada fácil e realmente é como se estivéssemos a começar do zero. O negócio da exportação precisa de capital para avançar, os empréstimos já não se fazem com a mesma facilidade e tudo isso nos tira o sono…
– Com tantas preocupações, consegue ter tempo familiar de qualidade?
– Está a sobrar muito pouco tempo familiar e isso preocupa-nos bastante, mas não há outra hipótese. Está complicado e temos mesmo de ‘arregaçar as mangas’. Se virarmos as costas acho que perdemos tudo o que temos, o negócio acaba e não queremos nada disso. Queremos ter um futuro e dar aos nossos um futuro sorridente.
– E momentos a dois, ainda conseguem tê-los?
António Taborda – Até aqui passávamos muitos fins de semana os dois, numa casa de família que temos no campo. E nessa altura queremos é descansar ou namorar. A partir daqui, logo se verá, mas havemos de conseguir…
São e António Taborda: Otimismo e amor no combate à crise
O casal abriu-nos as portas da sua casa na Quinta Patiño e partilhou as preocupações que enfrentam.
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