Rita Calçada Bastos, de 34 anos, estudava Gestão de Empresas quando descobriu que afinal a sua vocação era representar e contar a vida dos outros. Sem pressas, a atriz e encenadora foi apostando na sua formação e passo a passo acredita estar a construir uma carreira que pode durar para sempre.
Não é só na vida profissional que Rita não tem medo de sonhar e de querer mais: a viver um namoro estável ao lado do arquiteto
Miguel Durieu Avellar, a atriz não esconde o seu desejo de formar uma família e de fazer
"outra pessoa feliz".
Foi sobre a sua ‘personagem’ da vida real e dos sonhos que ainda quer realizar que a CARAS falou com a atriz depois de uma sessão fotográfica num jardim lisboeta.
– Como descobriu que queria ser atriz e encenadora?
Rita Calçada Bastos – Foi por acaso. Estava a estudar Gestão de Empresas, mas nunca tinha pensado no que realmente gostava de fazer. Entretanto, inscrevi-me num curso de interpretação da companhia Os Sátyros. Intuitivamente, encenei com um amigo uma apresentação e percebi que tinha jeito para alguma coisa. Às vezes escolhemos as nossas profissões tão cedo que nunca imaginamos o que é que poderemos ser o resto da vida.
– O que é que a atrai na representação?
– Gosto do exercício de vestir a pele de várias personagens, que nos leva a descobrir coisas sobre nós próprios. Sempre gostei muito de pessoas e de perceber quem elas eram através dos seus comportamentos. Sou muito observadora. Aliás, quando era mais nova gostava de estar no meio dos adultos para ouvir sobre o que conversavam e perceber como eram.
– Esse tipo de comportamento levou-a a ter uma personalidade mais séria ou adulta?
– Acho que sou uma pessoa exigente e isso às vezes vira-se
contra mim. Sou demasiado exigente comigo própria e, por consequência, com os outros. A exigência é uma coisa boa, não pode é condicionar a nossa felicidade. O facto de querermos que as coisas sejam perfeitas tira-nos o prazer do momento. Não sei muito bem definir-me… Acho que sou muito generosa, teimosa e devo ter também muitos defeitos, que quero sempre melhorar. Tento gostar da pessoa que vou sendo. Todos nós somos ambíguos.
– Mas acha que o facto de ser tão exigente torna difícil para os outros conviverem consigo?
– Acho que não. Uma coisa que salvaguardo nas experiências profissionais que tive é que fico sempre amiga de alguém. Há sempre pessoas que ficam e isso enriquece-nos.
– É uma pessoa ambiciosa?
– Acho que o sou q.b. A ambição só tem trazido confusão a este mundo. A minha ambição é viver do meu trabalho e fazê-lo da melhor maneira possível.
– A Rita tem apostado mais no teatro e não parece ser uma atriz que procure papéis com grande mediatismo. Mas gostava de ter, neste momento, uma oportunidade que lhe permitisse dar mais exposição ao seu trabalho?
– Eu não penso em mediatismo, penso em desafios. Se a personagem for fantástica, eu aceito, mas não pelo mediatismo. Demoramos muito a construir uma carreira. Durante bastante tempo não fiz televisão, porque quis apostar na minha formação e precisava de mais palco. No teatro temos uma profundidade que não temos em televisão, mas ambos são conciliáveis e não gosto de ter de dizer que sou mais do teatro ou da televisão. E claro que gosto que o meu trabalho chegue às pessoas.
– Sente que vive muito para o seu trabalho?
– Adoro o meu trabalho, porque não o dissocio da minha vida. Como diz a minha amiga
Ana Bustorff,
"vivemos o dobro dos outros." Temos de ter uma grande ginástica mental para tentar perceber como é que os outros pensam… Neste processo, ando sempre à procura de mim própria.
– O que quer alcançar na vida?
– Quero continuar a trabalhar, ter uma família e viver tranquila. Temos de cuidar mais uns dos outros, estar mais tempo com as pessoas.
– Gostaria de viver aquela ideia romântica do casamento?
– Como não sou católica, não me imagino a subir ao altar, mas os casamentos têm uma parte de encenação engraçada, como todos os rituais.
– Faz-lhe mais sentido ser mãe?
– Não me faz sentido ser mãe sem ter um projeto de família. Não gostava de ter filhos e separar-me depois. Mais do que ser mãe, gostava de ter uma família. Quero ter filhos, mas num ambiente familiar estável, no qual eu possa fazer outra pessoa feliz.
– E já encontrou a pessoa ao lado de quem pode realizar esse sonho?
– Neste momento tenho um namorado, uma relação estável. Vivo um dia de cada vez. As relações são muito difíceis, e se as temos é porque acreditamos nelas. Achamos sempre que o namorado com quem estamos é o homem da nossa vida. Só assim vale a pena.
– Recentemente, trabalhou numa peça com José Wallenstein, com quem já namorou. É uma situação difícil?
– Foi muito bom trabalhar com o Zé. Temos uma relação muito boa, somos amigos. O Zé dá-me sempre muito espaço para trabalhar, tem confiança. É sempre um prazer vê-lo. Não tenho pessoas descartáveis, pelo menos tento não ter. Se passam pela nossa vida é para nos ensinarem qualquer coisa e ajudarem-nos a ser pessoas melhores.