Apesar de se ter mudado para Nova Iorque há cerca de dois anos e meio,
Benedita Pereira não perde uma oportunidade para voltar a Portugal e estar com a família, namorado e amigos, ou até para trabalhar. Desta vez, contudo, a actriz passou por Portugal, mas viajou logo de seguida para Barcelona, onde acompanhou o lançamento do novo Magnum Gold. Na ocasião, conheceu o actor
Benicio del Toro, protagonista do anúncio da marca, com quem acabou por contracenar, numa experiência única que deu mais um trunfo à sua carreira.
– Como foi este encontro com Benicio del Toro?
Benedita Pereira – Primeiro, não sabia que ia fazer uma cena com ele, pelo que fiquei muito contente. Foi um momento curto, mas foi muito bom. Tive a sorte de contracenar sozinha com ele e foi muito divertido, porque ele improvisou bastante. Além disso, como também lhe chamam Benny, havia ali uma boa sintonia. E o realizador também é muito importante, pelo que foi uma boa oportunidade de trabalhar com pessoas que estão no
top mundial.
– Com que imagem ficou de Benicio?
– Não muito diferente da que tinha… é um homem grande, sempre de óculos de sol, tirou-os um bocadinho para mim. [risos] Não estava à espera de muito, porque ele estava a receber muita gente, mas mesmo assim foi simpático. Quanto ao trabalho dele, não posso dizer que seja uma grande fã, mas gosto do trabalho dele e das personagens que normalmente interpreta.
– Tal como Benicio, que saiu de Porto Rico para tentar a sua sorte nos Estados Unidos, também a Benedita foi para aquele país… em busca de um sonho?
– Primeiro, fui só para estudar e, claro, cumprir o sonho de viver fora do País. Aos poucos foram-me convencendo de que era possível ficar lá por mais tempo, tentar trabalhar, conseguir os vistos, enfim. Estou em Nova Iorque há dois anos e meio e continuo a lutar, vamos conseguindo algumas coisas, e felizmente tem corrido muito bem.
– Como foi a adaptação ao país, a uma nova vida?
– Bom, o chamado sonho americano não é tão fácil assim. Exige muito sangue, suor e lágrimas. Existem muitos obstáculos, que tento ultrapassar, um a um, com muita persistência. E sempre que acontece alguma coisa boa, quando se consegue um trabalho, mesmo pequeno, ou até um elogio, é duplamente bom. É uma batalha que vencemos.
– E como é estar longe da família, do namorado, dos amigos… É fácil lidar com as saudades?
– Não, as saudades são a parte mais difícil. Naqueles dias em que as coisas correm menos bem é ainda mais complicado. Nos momentos em que estou mais triste, é difícil não poder recorrer às pessoas que me são mais próximas. Mas era agora ou nunca, estou na idade em que tenho mais força para fazer estas coisas, para viver esta aventura, e tinha que arriscar.
– O que faz para superar esses momentos mais difíceis?
– Bom, também tenho amigos lá, por acaso, bons amigos. E um deles vive mesmo ao meu lado, por isso, vou logo a correr para casa dele. Não sou nada o género de estar a sofrer sozinha, além disso tenho também o Skype, e todas essas novas tecnologias a que recorro com frequência.
– Os seus pais aceitaram bem a sua partida?
– Eles não me podem visitar tão regularmente como gostariam, mas eu vou a Portugal algumas vezes, e falamos muito pela internet. Acompanham-me em tudo, mesmo longe. Sempre que tenho uma novidade ou uma decisão para tomar, falo primeiro com eles e espero pelos seus conselhos. Não faço nada sem consultar os meus pais.
– Ir para fora do País tornou-a mais independente?
– Sempre fui um bocadinho independente. Às vezes os meus pais até achavam estranho, porque a minha irmã, que é uma mulher casada e com filhos, era mais ligada a eles que eu. Sempre fui mais autónoma. Aos 17 anos fui logo para Lisboa, viver a minha vida. Mas não me desliguei nunca deles. Falamos regularmente. Mas sempre tive esta independência, eles sempre me incutiram o sentido de responsabilidade e de organizar o meu próprio tempo. Fazia tudo sozinha porque os meus pais me davam essa liberdade ou responsabilidade. Uma confiança que me tornou sempre mais responsável. Posso dizer que sempre fui uma mulher independente.
– Mas é também uma mulher de emoções fortes…
– Sou um misto muito forte entre o racional e o emocional. Porque, apesar de viver tudo com muita intensidade e com as emoções à flor da pele, tento, por outro lado, ser muito racional, sobretudo quando tenho de tomar decisões. Tento sempre pensar nas coisas antes de as fazer. Mas sou uma pessoa de desafios, e tenho a sensação de que escolho sempre o caminho mais difícil. Mas não tem sido mau, e isso tem-me trazido coisas boas.
– Faz muitos planos?
– Penso nisso, mas estou numa fase em que não consigo planear nada. Tenho sonhos a longo prazo, coisas que gostaria de fazer. Ter vindo para fora de Portugal foi um pouco correr atrás de um sonho. Não faço planos fixos de ir casar para o ano ou ter um filho. Tenho momentos de que gosto e quero que cheguem, mas não sei quando.
– Pensa continuar a sua vida pelos Estados Unidos? Imagina-se a ter filhos ou casar-se fora de Portugal, por exemplo?
– Não me imagino nada ter filhos nos EUA. [risos] Por um lado, gostaria de ter uma vida diferente e poder fazer seja o que for em qualquer parte do mundo, seria perfeito, mas não sei até que ponto é que é possível. Mas cada vez que penso em alguma coisa mais caseira, penso em Portugal. Durante este ano vou ficar nos EUA, sem dúvida. O que gostava mesmo, a longo prazo, seria viver entre Portugal e Nova Iorque.