Ela é mulher, mãe, apresentadora, embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População e convive diariamente com a árdua tarefa de conciliar o lado familiar com o profissional. Mas
Catarina Furtado faz com que tudo pareça fácil e garante conhecer bem o significado da palavra felicidade, para a qual tanto são fundamentais o marido,
João Reis, e os filhos,
Maria Beatriz, de três anos, e
João Maria, de dois.
Durante uma breve conversa, Catarina confidenciou à CARAS o quão recheada e compensadora é a sua vida, quando a encontrámos na apresentação da última colecção de jóias David Rosas, a marca que a apresentadora usa todos os sábados no programa Dança Comigo na RTP.
– Raramente a encontramos em eventos. Ainda lhe custa muito sair e deixar os filhos em casa?
Catarina Furtado – Não me custa, na medida em que só vou a sítios para os quais sou convidada por pessoas com as quais me identifico, com quem tenho relações afectivas, ou para trabalhar. Portanto, isso não me custa, pelo contrário, é um prazer. Depois, à noite, a esta hora, as crianças já estão a dormir. Porque deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer e tento o mais possível manter essa regra lá em casa. A partir das 21h as crianças estão na cama.
– No papel de embaixadora de Boa Vontade das Nações Unidas viaja muito. Sofre por ter de passar tanto tempo longe do seu marido e dos seus filhos?
– Há um misto de emoções. Tenho a enorme convicção de que estou a fazer o correcto, no fundo sou apenas uma mensageira de uma série de pessoas que se preocupam com o mundo e com o desajuste e desigualdades sociais em que este se encontra. Porque tenho o privilégio, por trabalhar em televisão, de poder levar a câmara e denunciar e, para além disso, criar uma bola de neve que faz com que as pessoas ajudem e mudem a realidade de outras pessoas. Como é o caso destes documentários que estou a fazer na Guiné e que de facto salvaram vidas, mesmo. E está mais do que provado que se não fôssemos nós, portugueses, com os donativos que angariámos no Dança Comigo, milhares de pessoas, este ano, não tinham sido salvas, porque não havia sequer geradores, ambulâncias, não havia bloco operatório. E agora há isso tudo, porque nós pusemos lá.
– Perante isso, a falta que sente da família acaba por ser compensada…
– Sim. É óbvio que, perante os resultados, só posso sentir um enorme orgulho por fazer isto. Claro que é normal que sinta o outro lado, a falta dos meus pequenitos. Mas também é facilmente transformada em histórias para contar quando chego e em reforço daquilo que é a convicção que tenho de que eles têm muita sorte perante todos os outros meninos que vou conhecendo no mundo, que já é um mundo alargado, principalmente o africano.
– É uma mulher afectiva. Diz frequentemente aos seus filhos e marido que os ama?
– Sim. Digo e mostro todos os dias ao meu marido e aos meus filhos que os amo. O amor é a base. Nós temos sempre como referência o amor, e isso é que nos move. Mais do que aquilo que dizemos aos nossos filhos, é aquilo que fazemos. Para além de lhes dizer que os amo, que digo sempre, demonstro-lhes isso, e assim estou certa que eles vão ser mais capacitados para amar. E, sobretudo, para estarem preocupados com os outros e para poderem eles próprios serem uns cidadãos mais completos.
– Com os seus dois filhos em casa, mais os dois filhos do João, sente-se, por vezes, uma dona de casa desesperada?
– Não. Queria apenas conseguir esticar o dia, mas não me sinto uma dona de casa desesperada. Sou bastante organizada e consigo gerir tudo, consigo ir pô-los e buscá-los à escola quase todos os dias, mas também tenho ajudas preciosas. Mais uma vez, sou uma privilegiada. Vou buscar a uns sítios o que retiro dos outros e vice-versa. Por exemplo, dessas viagens que faço trago muita motivação. Apesar de haver coisas que me marcam profundamente e para todo o sempre, também trago muita esperança. Quero acreditar que as coisas podem sempre melhorar.
– Seria feliz a desempenhar apenas o papel de mulher e mãe?
– Não. A minha missão de embaixadora do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) é permanente, estou sempre a pensar como é que hei-de mover mais pessoas, conseguir angariar mais fundos… Acho que sou a mulher mais feliz do mundo por ter os filhos que tenho, mas se fosse só mãe não lhes podia mostrar o mundo tão mais completo em que vivemos, mesmo tão injusto como é às vezes, o que os obrigará a serem pessoas bastante pró-activas. Se estivesse só com eles, era apenas uma mãe protectora.