Nasceu na Áustria e desde pequena que queria ser encenadora, mas quis o destino que iniciasse a sua carreira como actriz e que viesse a tornar-se uma realizadora premiada. Inês de Medeiros parece provar a tese de que o talento está inscrito nos genes. Filha do conhecido maestro e compositor António Victorino de Almeida, é neta, pelo lado paterno, de uma cantora lírica, pelo materno, da escritora Odette de Saint-Maurice, e irmã de Maria de Medeiros, actriz com carreira internacional, e de Anne Victorino de Almeida, violinista, compositora e professora de música. Há 13 anos, deixou Portugal e mudou-se para Paris, "porque quis", assegura. Talvez tenha sido por influência da irmã Maria, que lá vive desde os 17 anos, mas foi Fabrice de La Patellière quem a fez ficar. Hoje, a actriz e o director de ficção do Canal Plus continuam casados e têm dois filhos, Pedro, de 11 anos e, Oriana, de seis. É também por eles que Inês faz questão de vir frequentemente a Portugal, para estarem com o resto da família e terem um vínculo com o nosso País. Foi precisamente numa dessas visitas, esta de carácter profissional, que a CARAS conversou com Inês de Medeiros, numa pausa das gravações de um episódio para a nova série da RTP Liberdade 21. – Este ano comemorou o seu 40.º aniversário. Como se sente agora que entrou na casa dos 40? Inês de Medeiros – Fazemos grandes ideias antes de chegar lá, pensamos que vamos passar uma grande etapa e pensamos no que é que irá acontecer. Depois, quando já está, já está. Acordamos no dia seguinte e vimos que não mudou assim tanta coisa. Aliás, nunca gostei de ser muito nova. Nunca gostei de ser adolescente, sempre quis ser mais velha, sinto-me bem no papel de mulher. Passei a gostar a partir dos 25, e sinto-me bem com a idade que tenho. – Sentia-se madura de mais para a idade que tinha, era isso? – Não. Queria ser uma mulher como eu imaginava. Essas mulheres tinham 30 anos, trabalhavam, eram independentes, geriam a sua vida… – Foi por isso que só aos 29 decidiu ser mãe? Foi a altura certa? – ‘Quem faz um filho, fá-lo por gosto’ e quando quer. Felizmente, hoje em dia é assim. E comigo foi. Foi na altura certa, quando decidi e achei que tinha de ser, com a pessoa que tinha de ser…. – A maternidade mudou-a? – Não sei se fiquei mais atenta ou sensível. Acho que a maternidade complica o lado prático, passamos a ter que gerir muita coisa, mas simplifica a cabeça, há coisas que ficam mais claras e há prioridades muito bem definidas. – O Pedro tem 11 anos e a Oriana seis. Ainda são muito novos e precisam de toda a atenção da mãe… Como consegue gerir a sua carreira com a família? – E eles têm toda a atenção. Nós temos vidas muito mais fáceis do que qualquer mulher que tenha um emprego das nove às cinco. Acho que se faz uma grande coisa à volta de pessoas mais conhecidas ou que tenham vidas que pareçam um pouco mais agitadas, mas é muito mais fácil de gerir. Acho que qualquer mulher que trabalhe como caixa de supermercado tem uma vida muito mais difícil que a minha. – Consegue, por exemplo, chegar a casa à noite e ler-lhes uma história antes de dormirem? – Não só consigo isso, como consigo ir deixá-los e buscá-los à escola, como posso gerir o meu tempo, o que é um luxo e uma liberdade extraordinária, que infelizmente nem toda a gente consegue ter. – Quer ter mais filhos? – Para já não. – O papel mais importante da sua vida é o de mãe? É isso que a completa, que a preenche…? – Nunca seria só mãe, não. É uma parte maravilhosa, mas não é tudo. Uma mulher, eu, ser só mãe não chega. Apesar de todas alegrias que isso me dá. – Mudou-se para Paris há 13 anos, mas continuou sempre com um pé em Lisboa… – Preciso de manter um pé em Portugal, de estar presente. Preciso interiormente, pessoalmente. Não gosto de me sentir… Eu digo que sou portuguesa porque escolhi ser. Como não nasci cá, nasci na Áustria, e no fundo descobri Portugal quando já tinha seis anos, fui eu que decidi, para o bem e para o mal, ser portuguesa. – O que a traz cá tantas vezes? – A família, essencialmente. Acho também importante os meus filhos terem um vínculo com Portugal e como tenho esta hipótese e esta vida mais… não fui para fora porque tinha que ir, fui porque me apeteceu e depois aconteceu ficar. São os acidentes e encontros da vida. – Aconteceu ficar porque foi lá que conheceu o seu marido… – Exacto. Foi um bom percalço. "’Quem faz um filho, fá-lo por gosto’ e quando quer. E comigo foi assim. Foi quando decidi, com a pessoa que tinha de ser." Vive em Paris há 13 anos, mas está sempre com um pé em Lisboa. Foi numa destas visitas que a CARAS falou com a actriz, encenadora e realizadora. "Nunca seria só mãe. É uma parte maravilhosa, mas não é tudo. Uma mulher, eu, ser só mãe não chega." "Acho que qualquer mulher que trabalhe como caixa de supermercado tem uma vida muito mais difícil que a minha." "Não fui para fora porque tinha que ir, fui porque me apeteceu." Casada com um francês, Fabrice de La Patellière, Inês de Medeiros é mãe de duas crianças, Pedro, de 11 anos, e Oriana, de seis, que traz a Portugal com frequência, para terem um vínculo com o País.
Aos 40 anos, Inês de Medeiros sente-se bem com a sua idade
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