É o único atleta de tiro que irá representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Pequim e o objectivo desta sua terceira participação no maior evento desportivo do mundo é "fazer uma grande prova". Aos 43 anos, João Costa, 1.º sargento da Força Aérea, residente em Paião, na Figueira da Foz, aceitou o desafio da CARAS e interpretou o papel de James Bond para esta produção, realizada dias antes de partir para a China. – É um motivo de orgulho ser o único atleta de tiro a representar Portugal nos Jogos Olímpicos?- Claro, embora gostasse que fossem mais atletas, pois significava que o nível do tiro em Portugal era muito mais alto. – Qual foi o tiro mais certeiro da sua vida?- Ter entrado para a Força Aérea, porque, a partir daí, descobri a vocação para o tiro, ganhei uma profissão. – E já deu algum tiro no pé?- Não, as coisas têm-me corrido sempre bem. – E um tiro no escuro?- Também não. Sou muito calculista, penso bem antes de fazer qualquer coisa. – Qual é a sua arma secreta?- A habilidade nata para o tiro. – Acredita que os melhores atletas nascem com essa aptidão?- Sim, e garantidamente haverá em Portugal muita gente que tem essa habilidade nata e nunca teve oportunidade de a descobrir. – É um homem de armas?- Sou. – Também na vida pessoal?- Sim. – Guarda as suas armas em casa? Estão fechadas a cadeado ou são de fácil acesso?- Não são de fácil acesso: estão guardadas num cofre. – A sua mulher vai apoiá-lo a Pequim?- Não pode ir aos jogos porque na aldeia olímpica só ficam atletas e oficiais, não podem estar acompanhantes. – Mas estará na China nessa altura?- Não, vai ficar em Portugal. Nessa altura a vida nas cidades onde se realizam os jogos é sempre muito mais cara. Mas estivemos juntos na China há pouco tempo. – Treina diariamente, mas queixa-se de não ter infra-estruturas para o fazer…- Não há muitas carreiras de tiro em Portugal. Além das militares, só existem três civis: uma perto de Barcelos, outra no Estádio Nacional, e a da Câmara Municipal da Figueira da Foz, que é onde eu treino. Acontece que o terreno onde está localizada foi cedido ao ginásio figueirense, para aí construir uma piscina. Apesar da câmara já ter prometido construir outra, que estaria concluída até Outubro de 2009, nada o garante. Estamos cá para ver. – Sendo militar, não pode usar as carreiras de tiro militares?- Posso, mas se as provas são todas no Estádio Nacional, não adianta ir praticar numa carreira de tiro militar, que normalmente tem 25 metros, com uma pistola de 50 metros… – Há muitos atletas portugueses a participar em provas de tiro?- Seremos uns 350 atiradores, o que é pouco para os dez milhões de habitantes. Na Alemanha, por exemplo, existem 900 clubes de tiro federados. – Isso entristece-o?- Não, o que me entristece é haver modalidades que não são tidas em conta pela política desportiva. Se o Estado não tem dinheiro, então também não deveria construir estádios de futebol para serem usados em apenas dois jogos.
João Costa quer dar um tiro certeiro nos Jogos Olímpicos de Pequim
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