Andavam à sua procura e encontraram-na. Ana Lúcia Palminha vai ser Sally Bowles na versão portuguesa para palco de Cabaret (musical da Broadway que, na versão cinematográfica, deu um Óscar a Liza Minnelli, em 1972). Foi com surpresa que a actriz, de 27 anos, ouviu o seu nome quando anunciaram a vencedora de À Procura de Sally, o programa de televisão que tinha como objectivo escolher a protagonista para o musical, que vai estrear a 10 de Setembro, no Teatro Municipal Maria Matos, e cujos bilhetes já estão à venda. Tendo o teatro como formação de base, Ana Lúcia começou de imediato com aulas de dança, para se preparar para este ‘triatlo artístico’ – a mistura de teatro, canto e dança necessária para este espectáculo. Apaixonada pelo que faz, a actriz vai deixar tabus de lado para dar vida a esta personagem que vai levar muitos portugueses a espreitar pelo ‘buraco da fechadura’ para ver como se vive a sedução, a loucura e a arte dentro de um cabaré. – Por que é que se candidatou para este papel? Ana Lúcia Palminha – Por vários motivos. Desde logo percebi que podia ser uma experiência muito enriquecedora. Sabia que ia aprender muito e que ia passar por algo novo. O grande desafio foi juntar dança, representação e canto. A união deste triatlo artístico é rara e muito apetecível. E depois a personagem Sally Bowles é um mundo. Ela é única e fantástica. É um papel maravilhoso para qualquer artista. Sei que vou ter de me transcender todas as noites. Terei de me renovar constantemente, para não me cansar de mim própria. – O que é que foi buscar de si para dar a esta Sally? – Penso que, tal como a Sally, sou uma pessoa forte. Depois, e também como ela, acho que tenho uma certa infantilidade. Embora eu tenha um ar mais maduro e sério, também tenho os meus momentos de loucura e de imprevisibilidade. Só tenho de pegar neles e exagerá-los. E sei que vou ter de criar muitas emoções dentro de mim que vão rebentar. Vai ser um turbilhão de sentimentos. – E o que é que a distancia mais desta personagem? – Penso que a Sally vai ensinar-me a ser mais impulsiva, a ter uma maior liberdade mental. Neste universo, a diversão ocupa um lugar de destaque. Passou-se a assumir bissexualidades, orgias… E o cabaré é como o buraco de uma fechadura por onde espreitamos e vimos uma parte da intimidade humana completamente a nu. A sedução e o corpo deixaram de ser tabu. E todos nós temos essa ânsia de assumir os nossos desejos. É uma forma de nos descobrirmos a nós próprios. – Lida bem com a sensualidade da personagem? – Lido. Não tenho tabus em relação ao corpo e, se surgirem, esborracho-os com o pé. – Esta personagem é muito forte, certamente também vai ter influência na sua vida pessoal. Está preparada para isso? – Por acaso já noto algumas mudanças, sobretudo no que diz respeito à gestão do tempo. Já não tenho a sensação de que não tenho nada para fazer. Mas penso que tudo tem solução. E quero viver um dia de cada vez, para saborear todos os momentos.
Ana Lúcia Palminha: “Se surgirem tabus, esborracho-os com o pé”
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