A viagem esteve para ser cancelada à última hora porque Miguel Borges tinha sido atropelado dias antes. Foi-lhe diagnosticada uma ruptura de ligamentos no tornozelo, lesão que o obrigaria a usar muletas durante uma semana, o que, convenhamos, não é muito prático para viajar. No entanto, o entusiasmo de visitar um destino que seduzia os dois acabou por falar mais alto e, no final, Ana Rocha e Miguel partilhavam o sentimento de que tinha valido a pena o sacrifício. Após três meses de namoro, a actriz, de 29 anos, e o empresário, de 30, decidiram assumir a sua relação. Em entrevista exclusiva à CARAS, Ana Rocha revela que o facto de ambos serem divorciados – a actriz separou-se do advogado Gustavo Vilhena-Ayres há três anos e meio – não só foi o tema de conversa quando se conheceram, como hoje em dia os ajuda a encarar o relacionamento de uma forma diferente. – Esta viagem correspondeu às suas expectativas?Ana Rocha – Surpreendeu-me. A paixão por esta viagem foi, sobretudo, o poder fotografar pessoas, a forma como vivem, como se vestem, andam, pensam e olham. Quando existe uma diferença radical de culturas, fico doida. Aqui tudo parece um cenário, onde as cores batem todas certo… Há sempre qualquer coisa para fotografar. – Há um ano e meio que não aparece em televisão, desde que entrou na novela Jura, da SIC. Porquê? Não surgiram convites ou aqueles que lhe fizeram não a convenceram?- Estive a tirar uma licenciatura, que terminei em Julho do ano passado, e que me impediu de aceitar convites. Depois, estive muito concentrada em trabalhar e movimentar-me nessa área. Até então não o tinha feito por preconceito, porque sei como o meio artístico funciona. A televisão está cheia de pessoas que também escrevem livros, cantam, pintam, e eu sempre levei a pintura muito a sério. É essa a minha habilitação e, por respeitar muito a pintura, só depois de me ter licenciado é que comecei a mostrar portofólios. Fiz a minha primeira exposição individual em Outubro, em Lisboa, estive numa feira de arte em Madrid, expus no edifício Artes em Partes, no Porto, e neste momento trabalho com a Galeria Presença, no Porto. – Representa, pinta, fotografa…Sente-se uma artista?- Sinto que posso fazer trabalhos multidisciplinares. – Sente algum preconceito em definir-se profissionalmente como artista?- Sim, porque acho que quem tem de dizer se somos ou não artistas são as outras pessoas. Acho que ser artista é um elogio e não uma característica. – O facto de ser nostálgica, de gostar de se isolar, tem que ver com essa alma de artista?- Não sei. Acho que tem que ver com emotividade, com sensibilidade. Gosto de me isolar e trabalhar sozinha, tenho uma necessidade absoluta de ter o meu espaço, a minha introspecção, o meu isolamento, desde que seja por opção. – O Miguel parece ser uma pessoa que aceita muito bem essa sua necessidade, que a compreende e não interfere…- Não só não interfere como ele também é assim, o que é fantástico, porque nos entendemos e sabemos perfeitamente o que vai na cabeça do outro. Há uma coisa que me incomoda, que é as pessoas estarem sempre a perguntar-me o que é que eu tenho, se estou triste, só porque gosto de ficar perdida a olhar para lado nenhum, a viajar. – E o ar chateado que faz de vez em quando? É um reflexo do seu interior ou uma defesa?- Nem uma coisa nem outra, acho que tem que ver com fisionomia. Na adolescência, sofria imenso, porque nessa altura percebemos quem somos aos olhos dos outros, e vi que as pessoas me achavam antipática, nariz empinado, altiva, e não percebia porquê. Acho, honestamente, que tem que ver com a minha fisionomia, porque tenho uma cara muito séria. – Disse na última entrevista que não andava à procura de namorado. O encontro com o Miguel foi um feliz acaso?- Completamente. Num dia, numa hora, num sítio em que a última coisa que esperava era conhecer alguém. Como ele costuma dizer, conhecemo-nos numa encruzilhada, num cruzamento, literalmente, porque ele combinou com amigos com quem já não estava há algum tempo, que, por acaso, também são meus amigos. Eu até nem era para sair nessa noite, porque estava muito cansada, mas insistiram e acabei por ir. Se calhar nada disto foi por acaso… Foi um encontro muito calmo, nada impulsivo. Nessa primeira noite conversámos imenso, mas só nos voltámos a ver uma semana depois. – O que vos fez mudar de ideias e voltarem a encontrar-se?- Na altura não estávamos à procura de ninguém, ambos pelas mesmas razões… Depois de um divórcio, a pessoa fica à espera de ver o que acontece, não se fazem grandes projecções. – O Miguel também tinha passado por um divórcio?- Sim, e também com uma advogada. Foi isso que nos aproximou em termos de conversa: eram experiências muito semelhantes, que não tinham corrido bem. – Ele tem filhos?- Não. – Diz que já sente há muito tempo o apelo da maternidade, mas ainda não foi mãe…- Não sei se há um momento certo para ser mãe. Até hoje não aconteceu, nem nunca decidi que ia ter um filho. Se acontecer, não será nenhuma tragédia, muito pelo contrário, pois quero muito ser mãe. – Não teve filhos porque não encontrou a pessoa certa ou porque o timing não era o correcto?- Se achasse que não tinha encontrado a pessoa certa não teria casado. Os casamentos não são garantidos e uma coisa é envolvermo-nos a nós próprios, outra é envolvermos também um filho. Primeiro, não tivemos filhos porque não era a altura certa, mais tarde já tinha que ver com a própria situação e o que estava a ser vivido. Tive um casamento feliz, mas que acabou porque estávamos em fases da vida diferentes, e há que andar para a frente com a vida. – O casamento deixou de fazer sentido?- Deixou. Não digo que não o volte a fazer, mas, se o fizer, será por razões totalmente diferentes. Se voltar a casar-me, será por questões meramente burocráticas e não pela visão idílica e romântica que tinha do casamento. Isto não tem que ver com tristeza ou medo, mas se me casei por amor, se me apaixonei por uma pessoa que tinha tudo o que queria num marido e se, ainda assim, não resultou, não vai resultar nunca, a não ser que seja encarado como um contrato. – Mais depressa será mãe?- Não sei. Sempre fui de ideias fixas e nesse aspecto mudei muito. Aprendi que não temos controlo nenhum sobre a nossa vida. – Prefere aproveitar os bons momentos da vida?- Sim, sem grandes promessas para o futuro, respeitando os outros. Antes de me casar, aos 23 anos, acreditava no amor eterno, na fidelidade absoluta, no respeito, e dizia que não era capaz de perdoar uma infidelidade. Mas as relações têm a sua dinâmica e não interessa o que os outros dizem ou pensam. O importante são as regras que o casal estabelece e define. Eu e o Miguel temos as regras bem definidas: não prometemos casar-nos, ter filhos ou viver juntos para sempre. Quando sentirmos que alguma coisa não está bem, avisamos o outro e conversamos sobre o assunto. Torno-me uma pessoa ciumenta e possessiva se não tiver confiança na outra pessoa e, por isso, a verdade é fundamental para mim. – Já vivem juntos?- Não, mas partilhamos bastante o espaço um do outro…
Ana Rocha e Miguel Borges assumem relação durante viagem a Marrocos
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